Rubiany continua sob efeitos de tranquilizantes desde o sepultamento da filha mais velha, em Conselheiro Lafaiete, na Região CentralSegundo o padastro de Amanda, que a criava desde os 7 anos, a família está arrasada, mas indignada, “alimentando sede de justiça”“Depois que a gente perdeu a Amanda para esse homem que não tenho bons adjetivos para nomear, esperávamos tê-la de volta, mesmo que ficasse com alguma sequelaComo o estado da Amanda era muito delicado, cada dia de vida nos dava mais esperanças de trazê-la para casaFoi assim por 51 dias de luta, porque ela manteve a energia e a vontade de viverO que fica é a dor da saudade, a revolta pela impunidade e o medo de que ele não responda por esse crime, como aconteceu até agora”, desabafou o engenheiro de minas W., que pediu para ter o nome preservado.
Ele conta que a notícia da gravidez chegou por telefoneAmanda ligou para a mãe e disse que estava grávida do delegado
INQUÉRITO A Corregedoria deve concluir hoje o inquérito sobre a morte da menina, baleada na cabeça em 14 de abril numa estrada que liga Ouro Preto a LavrasAmanda tinha voltado para a casa da mãe, em Conselheiro Lafaiete, depois que registrou queixa de agressão contra o delegado, que teria quebrado dois dedos delaA Justiça decretou até medida protetiva, com base na Lei Maria da Penha, impedindo que Toledo se aproximasse da menorNo dia do incidente, ela se maquiou e escolheu uma bermuda nova e salto alto para sair com o delegadoToledo afirma que ela estava depressiva e que tentou se matar.
“A irmã a ouviu falando ao telefone com eleEla estava animada para encontrá-lo”, conta o padastro
Vaidade, mentiras e agressão
Vaidosa, Amanda Linhares dos Santos começou a trabalhar cedo como monitora em um espaço infantil do Shopping Paragem e gastava todo o salário para comprar roupas de marcaWafirma que as discussões começaram quando o delegado Geraldo Toledo passou a fazer parte da vida da menina“Ela era muito inteligente, mas não tinha concentração para os estudosIsso tudo piorou com eleNós cobrávamos bom resultado na escola, como todos os pais atentos, mas a Amanda passou a ficar só na internet e mentia para sairCheguei a trancá-la em casa e a mandamos para a casa dos avós em Goiás por seis meses, seguindo orientação de um advogado, para tentar afastá-la desse delegadoMas ele continuava atrás dela”, afirma o padastro W.
A família se mudou para o interior e Amanda alugou um quarto na casa de uma senhora, no Bairro Estrela DalvaChegou a morar com Toledo por alguns meses até ser agredida“Aí, ela quis voltar para casa”, contou o padrasto, que nega que a família tenha sido permissiva“Se alguém souber a receita, conte para os outros, porque deve haver mais casos de adolescentes que são manipuladas por homens mais velhos”Para W., o indiciamento e uma condenação não aliviariam a dor da perdaEle afirma que a versão do delegado é mentirosa“Conhecendo o direito como ele, um delegado, deveria ter preservado as provas desse suposto suicídioPor que, então, ele escondeu o carro e se desfez dos pertences dela na estrada?”, questionou, referindo-se à bolsa e a um pé da sandália encontrados próximo ao Viaduto da Mutuca.
LUTA Amanda ficou internada por 51 dias no Hospital de Pronto Socorro João XXIII, mas o tiro afetou uma parte vital do cérebro, que interfere na coordenação motora, na fala e no raciocínio“Ela melhorava, mas o cérebro estava descontrolado”, lamenta o padrasto“Agora, estamos nos agarrando às boas lembranças dela, de uma menina amorosa e muito alegre.” (PS)