Um oásis recheado de belezas naturais e arquitetônicas, arte, religiosidade, história e muita paz. E pertinho de Belo Horizonte. Assim é o Santuário do Caraça. Um passeio para fazer com a família, sozinho, com amigos, a dois ou em uma excursão. Pode ir e voltar no mesmo dia. Assim como passar o fim de semana ou a semana inteira. De qualquer forma, vale a pena ir ao antigo colégio católico que funcionou de 1820 a maio de 1968, quando um incêndio destruiu os laboratórios e a biblioteca, que tinha quase 30 mil volumes – dos quais se salvou a metade.
Antes de chegar ao santuário, que fica a uma altitude de 1.297 metros, entre as cidades de Catas Altas e Santa Bárbara, sua imagem vista da estrada já se destaca no meio da mata, ao pé da Serra do Espinhaço. O turista pode escolher o tipo de programa a fazer: caminhadas mais longas para cachoeiras ou capelas, mais curtas até uma linda prainha de rio, cascatas, ou piscinas naturais. Seja lá qual for o caminho escolhido, a paisagem é maravilhosa.
Cascatona
Sem precisar de guia, dá pra ir à Cascatona. São seis quilômetros de trilha dentro da mata fechada até chegar à queda d'água. Aliás, para chegar lá embaixo, prepare-se para uma verdadeira escalada. Mas vale o esforço. A paisagem é deslumbrante. E a água congelante. E não se esqueça: são mais 6km para voltar. Fique atento à hora de saída para não anoitecer na mata. Outros passeios mais longos são possíveis com a presença de um guia. O Caraça é uma reserva particular do patrimônio natural e várias regras devem ser observadas pelo turista.
Se você não está tão disposto a caminhadas longas, o passeio até a Cascatinha também é muito bonito. E no caminho você ainda pode parar na prainha. Nessa época do ano a água é rasa e transparente. A areia, branquinha. Outros passeios próximos são o Banho do Imperador e o Tanque Grande. Na chegada ao santuário, o turista recebe um folder com dicas e com um mapa indicando todos os passeios.
Volta ao passado
Para quem não está querendo fazer muito esforço físico, há boas opções também. No antigo prédio que pegou fogo hoje funciona a biblioteca, o museu, o arquivo e o centro de convenções. No acervo, raridades dos séculos 15 ao 18. Para os amantes da literatura universal, motivo suficiente para passar horas, dias inteiros apreciando verdadeiras relíquias. Andar pelas dependências do santuário também é um bom programa. Não é todo dia que podemos ver de perto construções dos séculos 18 e 19 e curiosidades como a clausura e as catacumbas %u2013 onde estão enterrados vários padres e alguns ex-alunos do colégio. As refeições são servidas aos hóspedes nos antigos refeitórios dos internos e dos professores. Uma verdadeira volta ao passado.
A Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens chama a atenção. Além da beleza da arquitetura neogótica, o interior do templo, inaugurado em 1883, é um verdadeiro museu. Já vale o passeio poder admirar os altares da época de funcionamento do colégio, os vitrais franceses %u2013 o central foi doado por dom Pedro II em 1881, durante visita ao colégio %u2013, imagens belíssimas %u2013 como a da padroeira Nossa Senhora Mãe dos Homens, lá desde 1784 %u2013, o corpo de São Pio Mártir, que chegou ao Caraça em 1797, o órgão feito especialmente para a igreja e a tela A ceia, pintada pelo mestre Ataíde em 1828.
Para quem se hospedar, a noite é tranquila. O jantar é servido entre 18h30 e 19h30 e logo depois há uma missa. Em seguida, para quem não estiver cansado e querendo dormir, o programa é esperar a chegada do lobo-guará para sua refeição noturna no adro da igreja. O problema é que o bicho não tem hora marcada. E faz um frio danado. Mas, enquanto ele não chega, um vinhozinho ajuda a esquentar o peito e a prosa boa com os padres não nos deixa ver o tempo passar.