Segundo o promotor do Tribunal do Júri paranaense, Octacílio Sacerdote, seis réus foram pronunciados pelo duplo homicídioO líder, conforme a acusação, é o paulista Ricardo Barollo, mas foram acusados também o industriário Jairo Maciel Fischer, de Teutônia (RS), Rodrigo Mota, Gustavo Wendler, Rosana Almeida – os três de Curitiba – e João Guilherme Correa, de Pato Branco (SC)“Barollo e Dayrell eram do mesmo grupo, que se chamava Neuland (Nova Terra, em alemão)Queriam separar o Brasil e para isso planejavam infiltrar gente sua entre políticos de alguns partidos”, conta o promotorDe acordo com Sacerdote, chegaram a fazer viagens para firmar acordos políticos e importar armas do Uruguai e da Argentina, mas os planos de Dayrell de separar o grupo atrapalharam os planos de Barollo e, por isso, teria sido assassinado.
Um dos ex-membros do grupo de Antônio Donato, o Rock Against Comunism (RAC), de 21, conta que quando o neonazista soube da morte de Dayrell ficou muito incomodado
Apesar das ligações entre integrantes de grupos neonazistas, a delegada Paloma Boson, da Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de Minas Gerais, que foi a responsável por deter Antônio Donato em abril por apologia ao nazismo e formação de quadrilha, informou que não foram feitas outras investigações sobre as ligações dos grupos interestaduais de neonazistas“Tivemos notícia dos fatos relatados (envolvimento de Donato com os movimentos paulistas e do Sul), mas, como não aconteceram aqui em BH, nossa delegacia de polícia não está apurando (as agressões em São Paulo e o assassinato no Sul).”
A delegada informou que não tem um mapeamento similar ao feito pela Polícia Militar de BH, que monitora as gangues que agem sobretudo na Savassi, como mostrou ontem a reportagem do Estado de Minas“Por enquanto, essas tribos de skinheads, punks, góticos e emos não são muito organizadas e não representam um grande problema de segurança pública como os roubos a transeuntes na Savassi, principalmente atrás de telefones celulares”, disse o comandante da 4ª Companhia do 1º Batalhão da PM, major Carlos Alves, responsável pelo levantamento.
“Estamos atentos e monitorando os movimentos dessas gangues, principalmente quando temos denúncias de confrontos sendo planejadosA maioria deles, no entanto, são jovens da Zona SulPessoas esclarecidas que estão passando por uma fase”, disse o militar, que acredita que o número desses grupos tende a diminuir, uma vez que não exercem tanto fascínio e por isso têm poucas adesões“Quem vai ficando mais velho vai se desligando
Quem foi vítima dos ataques das gangues cobra ações mais enérgicas“Estava atravessando a rua e essas pessoas me atacaram de surpresa com chutes e golpes de soco-inglêsNão troquei meia palavra com eles e não os conheciaFoi uma agressão gratuita, já que não pertenço a grupos rivais”, lembra um estudante de 21 anos que foi agredido por skinheads em 2011, entre eles Antônio Donato, segundo a ocorrência policialO rapaz conta que frequenta a Savassi e que já viu inúmeras dessas brigas de gangues“Ocorrem muito na Rua Tomé de SouzaOs punks olham para os carecas e começam a voar cadeiras e garrafasTenho pena de gente que manifesta uma animosidade dessas contra pessoas só porque são diferentes”, disse.