Jornal Estado de Minas

Sem policiamento, grupo mascarado promove onda de vandalismo no Centro de BH

Depois de promover quebradeira na Avenida Antônio Carlos, vândalos atacaram o prédio da prefeitura, destruíram o relógio da Copa na Praça da Liberdade, depredaram ônibus e disseminaram pânico no Centro da capital mineira

João Henrique do Vale, Emerson Campos, Daniel Silveira, Felipe Castanheira, Landercy Hemerson

Pequeno grupo com os rostos tapados promoveu ataque contra o prédio da PBH - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press


Uma onda de vandalismo tirou o tom pacífico das manifestações realizadas ao longo desta terça-feira em Belo HorizonteUm grupo separado dos manifestantes jogou bombas e tentou quebrar a porta da prefeitura por volta das 22hEles depredaram parte do prédioDisperso da mobilização que ocorria simultaneamente na Praça da Liberdade, outro grupo destruiu o Relógio da CopaDe volta à Praça Sete, os mesmos vândalos danificaram pelo menos quatro ônibus, promovendo terror entre motoristas e passageiros de coletivos no cruzamento da Rua Espírito Santo com a Avenida Afonso PenaNão havia policiamento nas imediações durante os ataques e, durante mais de uma hora de quebradeira na via, apenas três viaturas da Patrulha de Trânsito passaram pelo local.


VEJA AS IMAGENS DO VANDALISMO NO CENTRO DA CAPITAL

 

"Ontem vi um protesto pedindo algo positivo, hoje vejo que abandonar as ruas foi uma estratégia da polícia e, nessa hora, surgem muitos vândalos", opinou a universitária Rafaella Magalhães, de 23 anos"A polícia foi retirada para que as pessoas que não estão no protesto passem a odiar tudo isso", completouAcompanhada de três amigas, a estudante M., de 23, relata a falta de policiais no centro da cidade durante a noite"A polícia somos nós", disparou"Agora só restaram os vândalos, é por causa deles que toda uma revolução que começava a se construir desmorona", conta a jovem que não atribuiu os ataques a nenhum grupo específico: "vi muito punk participar da manifestação numa boa, apoiando a causa"

Confira vídeo que registra ataque a ônibus no Centro de BH



Os manifestantes estavam reunidos na Praça Sete desde às 18 horas

Por volta das 20h, um grupo se dividiu e seguiu até a porta da prefeitura, enquanto outro marchou até a Praça da LiberdadeO clima seguia com tranquilidade na frente da prefeitura até que algumas pessoas, com os rostos cobertos, começaram a jogar bombasA cada explosão, muitos corriam desesperadosEm determinado momento, um dos explosivos foi jogado contra o prédioO jovem que arremessou o artefato foi contido com agressividade por outros manifestantes.

Inúmeros manifestantes se mostraram contrários à ação de vandalismo e começaram a gritar palavras de ordem em favor da paz"Sem violência, sem violência", repetiam em coroPorém, não foram atendidosOs mesmos vândalos continuaram a jogar pedras e pedaços de madeiras contra o prédioUma rampa de madeira acabou incendiada

Um jovem, Graciano Ribeiro da Silva, de 18 anos, que participava do protesto, sofreu um ferimento na boca e no rosto durante a confusão
Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado para o Hospital João XXIIIOs militares não souberam dizer o que aconteceu com a vítima

Uma rampa de madeira foi usada para atear fogo contra a prefeitura - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press O grupo rapidamente se dispersou e retornou à concentração na Praça SeteUm rastro de muita sujeira e estilhaços de vidro se formou na calçada da prefeituraMuito resto de lixo queimado marcava o local onde uma fogueira havia sido acesa no meio da avenida.

Grupo mascarado

Estudantes que não quiseram se identificar afirmaram que o ataque ao relógio da Praça da Liberdade que marca a contagem regressiva para início da Copa 2014 foi protagonizado pelo mesmo grupo que promoveu quebradeira no começo da noite na Avenida Antônio CarlosTal grupo seria formado por pessoas mascaradas e alguns punks.

Os estudantes ouvidos pela reportagem do em.com afirmam que o grupo mascarado se infiltrou entre os manifestantesAlgumas pessoas tentaram conter o ataque ao relógio, mas não conseguiram evitar os estragos"Dava para ver, claramente, que esse grupo queria promover apenas a desordemOs manifestantes gritavam e tentavam contê-los, mas eles só queriam tacar fogo em lixo e ameaçar motoristas de ônibus", relatou o advogado Breno Romanini, que acompanhava o protesto na Praça da Liberdade e se surpreendeu com as cenas de vandalismo que presenciou.

Vândalos fecharam o cruzamento da Espírito Santo com Afonso Pena - Foto: João Henrique do Vale / EM /D.A.Press Pouco depois, o grupo de punks e mascarados foi visto fechando o cruzamento da Rua Espírito Santo com a Avenida Afonso PenaA reportagem flagrou alguns integrantes, que destoam dos manifestantes concentrados na Praça Sete, arremessando pedras contra carros que passavam pelo local e hostilizando motoristas e passageiros de ônibus.

Integrantes deste grupo anônimo subiram em cima de um coletivo e começaram a depredar o veículoQuebraram a porta, esvaziaram pneus, e do sobre o teto arremessavam bombas na ruaPassageiros se mostravam assustados, principalmente quando alguns dos vândalos invadiram o ônibusEm seguida, outro coletivo foi atacadoAssustados, motoristas avançavam sobre o canteiro central da Avenida Afonso Pena para evitar passar pelo trecho em que os vândalos promoviam quebradeira.

Veja vídeo que registra motoristas fugindo dos vândalos na Afonso Pena



Vandalismo na Avenida Antônio Carlos

O protesto que começou pacífico na Avenida Antônio Carlos também teve momentos de tensãoPessoas mascaradas e punks fecharam algumas ruas que dão acesso à avenida e atiraram pedras em outdoors, além de derrubar cones e placas de trânsitoUm ônibus tentou furar o bloqueio e teve o vidro quebrado