Marta Vieira
A redução no preço da passagem dos ônibus urbanos proposta pela Prefeitura de Belo Horizonte, ainda que bem inferior aos cortes anunciados em São Paulo e no Rio (de R$ 0,20), terá efeito importante para conter a inflação das famílias com menores rendimentos na capital mineira
Se a medida tivesse sido tomada pela PBH 30 dias atrás, a variação do custo de vida não teria chegado à metade do que foi apurado para essas famíliasOs cálculos foram feitos ontem pelo economista Renato Mogiz Silva, coordenador de projetos da Fundação IpeadAs passagens dos ônibus urbanos são o item de maior peso na composição da inflação medida na cidade pelo Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR), que retrata os gastos das famílias com renda entre um e cinco salários mínimos.
Recuo Para dar uma ideia do que a redução representaria, Renato Mogiz aplicou a proposta da PBH sobre o IPCR mais recente calculado: a segunda prévia da inflação deste mês, que alcançou 0,22%Se o corte do preço da passagem já tivesse sido adotado, o IPCR teria recuado a 0,12%, uma diminuição de 0,14 ponto percentualEssa segunda prévia do custo de vida em junho foi calculada no período de 30 dias até a segunda semana do mês.
“Certamente, a redução dos preços das passagens vai colaborar para que a inflação em todas as capitais onde a medida for tomada seja mantida sobre controle”, afirma o coordenador de Projetos da Fundação IpeadPara as famílias com renda entre um e 40 salários mínimos (R$ 678 a R$ 27.120), a proposta de redução do preço das passagens representará 0,05 ponto percentual sobre a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)A segunda prévia de junho atingiu 0,27%, mas teria sido de 0,22% caso o alívio no transporte estivesse em vigência há 30 diasNo IPCA, a despesa participa com 2,73% do cálculo global do indicador, ficando em 10º lugar na lista dos vilões do orçamento familiar.