Guilherme Paranaiba
Um confronto muito mais forte e acalorado entre a Polícia Militar, a Força Nacional de Segurança e os vândalos que estão infiltrados nas manifestações pacíficas que ocorrem em Belo Horizonte. Essa é a previsão do comandante geral da PM, coronel Márcio Martins Sant’ana, para quarta-feira, dia em que Brasil e Uruguai se enfrentam no Mineirão em partida válida pelas semifinais da Copa das Confederações. As autoridades acreditam que grupos de baderneiros vindos do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, que já estão enfrentando a polícia e depredando o patrimônio público e privado na capital, serão reforçados por pessoas que virão para Minas com esse objetivo. Segundo o delegado geral da Polícia Civil, Cylton Brandão, os arruaceiros desses grupos exercem o papel de iniciar, participar e incentivar atos de vandalismo.
Além dos 32 presos que se envolveram no quebra-quebra de sábado e madrugada de ontem, o chefe da Polícia Civil informou que 30 pessoas já foram identificadas e cerca de 50 estão sendo investigadas. Entre os presos, a maioria já liberada devido a atos de vandalismo serem considerados crime de menor potencial ofensivo, há pessoas com ficha policial. “Alguns estão somente para tumultuar, mas outros têm passagens por tráfico de drogas, furto, lesão corporal e ameaça”, afirma o delegado. Brandão confirma que há policiais acompanhando as manifestações para levantar pistas de envolvidos nas arruaças e fazer imagens da destruição. Uma foto apresentada pelo delegado mostra uma turma reunida com mochilas, onde os vândalos guardam bolas de gude, estilingues, bolas de sinuca, chumbadas de pescaria e bombas caseiras. Essas pessoas integram um dos três grupos já identificados pela corporação.
PONTO ESTRATÉGICO
Sobre a manifestação de quarta-feira, a PM informou que ainda está definindo as estratégias que vai adotar e que a proporção dos confrontos será maior do que os já ocorridos na cidade. “Não tenho dúvida de que teremos um embate muito mais acalorado, com ações muito mais contundentes por parte dos infratores. Com certeza teremos outros problemas no ponto nevrálgico da Avenida Abrahão Caram”, diz o coronel Márcio Sant’ana. Segundo o comandante da PM, o bloqueio nesse local, já feito no jogo entre Japão e México, será repetido. “O perímetro deu certo. Não tivemos nenhum problema na área de segurança. Um ponto que pode ser aprimorado é o retorno dos manifestantes, momento em que ficou muito clara a mudança de perfil das pessoas que participam dos protestos, com a entrada dos baderneiros”, disse o coronel.
Segundo Sant’ana, 3.550 policiais participaram da operação de sábado. O número receberá reforço de companhias de missões especiais do interior do estado, como já ocorreu na partida amistosa entre Brasil e Chile no Mineirão, em abril. Mais de 1 mil homens do Exército estarão posicionados dentro da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para agir caso o câmpus Pampulha seja alvo de vândalos, mas o coronel Sant’ana descartou contar com esse efetivo para o trabalho nas ruas. “Nós não entendemos dessa forma. A Polícia Militar tem um efetivo suficiente treinado, capacitado e qualificado”, garante.
O militar aproveitou para valorizar a ação executada pelo Batalhão de Polícia de Eventos (BPE), que tomou a Praça Sete na noite de sábado. Ele avalia a atuação dos militares como uma resposta aos vândalos para mostrar que a PM tem controle da situação. “Às vezes, quando adotamos uma atitude tolerante, as pessoas confundem isso com fragilidade. Então, ali foi uma necessidade de mostrarmos que o aparato policial não é frágil e que a gente consegue dispersar e defender determinados locais, se assim for necessário, de forma rápida, vigorosa, e sobretudo técnica”, concluiu o comandante.