Jornal Estado de Minas

PAIXÃO E MEDO DIVIDEM TORCIDA

Confrontos preocupam torcedores

Torcedores estão animados para ir ao Mineirão ver a Seleção Brasileira, mas há quem tema ficar no meio de um confronto

Clarisse Souza
André Luiz está confiante e acha que não vai haver problemas - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
Ir ou não ir ao jogo entre Brasil e Uruguai, amanhã à tarde no Mineirão, válido por uma das semifinais da Copa das Confederações? Essa é a dúvida dos torcedores que compraram ingressos para a partida e estão com medo de serem apanhados no meio de um confronto entre a polícia e os responsáveis pelos atos de vandalismo cometidos nas manifestações que ocorrem na capital desde o dia 8Quem está disposto a ir pretende sair bem cedo de casa para evitar os locais e os horários com maior possibilidade de conflitoMas, diante das cenas de vandalismo protagonizadas por infiltrados entre os manifestantes, alguns torcedores temem que o esquema de segurança montado pela Polícia Militar não seja suficiente para conter novos tumultosPessoas que estão participando das manifestações na capital e pretendem ir ao jogo defendem a presença dos manifestantes no entorno do Mineirão e cobram que a PM atue para garantir a integridade física de quem protesta pacificamente

Mesmo assustado com as informações sobre os confrontos em Belo Horizonte, Clésio Abrantes, de 39 anos, saiu de Itaobim, no Vale do Jequitinhonha, a 620 quilômetros da capital, para prestigiar a Seleção Brasileira“Tenho certeza de que o vandalismo é ação de uma minoria, mas a imagem que chega até nós é muito ruim”, diz o comercianteA administradora Virdélia Dias, de 30, conta que já havia combinado de assistir ao jogo no Mineirão ao lado de um grupo de amigos da cidade de Padre Paraíso, também no Vale do Jequitinhonha“Eles vieram retirar o ingresso no fim de semana, mas passaram no Centro de BH durante um protesto e tiveram o carro apedrejadoFicaram com tanto medo que voltaram para casa”, relata a torcedora, que vai para o estádio com algumas horas de antecedência para evitar se encontrar com a multidão de manifestantes.

“A sensação é de medo”, desabafa Daniela Vasconcelos, de 30A gerente de tecnologia da informação comprou o ingresso para ir ao jogo com o marido e diz estar com receio de ir ao estádio“Não cheguei a pensar em desistir, mas tenho medo da falta de segurança depois dos atos de vandalismo”, diz
Favorável às manifestações, ela defende o direito de quem decidiu ir às ruas, mas ficou desmotivada a engrossar o grupo que protesta depois que baderneiros começaram a aproveitar o movimento para depredar e provocar conflitos“Queria ir e levar minha filhaTambém sou contra a falta de transparência nos gastos para a Copa, mas não tenho coragem de ir para a rua com esses atos de violência”, reclama

Confronto preocupa

A possibilidade de que se repitam as cenas registradas no sábado durante o confronto entre a PM e manifestantes que queriam chegar ao Mineirão, onde era disputado o jogo entre Japão e México, também preocupa a dona de casa Daniele Cardoso Marçolla, de 41“Não fui para as ruas em nenhum dos dias e não sei como está sendoMas, pelas imagens que vi na televisão, dá medo principalmente da atuação da polícia”, dizMesmo apreensiva, ela decidiu comparecer ao jogo ao lado de amigas e da tia Dulce Helena Cardoso, de 53“Eu estava na manifestação de sábado e posso dizer que é um movimento pacíficoO vandalismo é praticado por uma minoria e a PM está atacando todo mundoQueremos a presença dos militares, mas só para garantir a segurança e o direito de as pessoas se expressarem, e não para agir de forma truculenta”, cobra Dulce.

O empresário Wallison Duarte, de 25, também já está com o ingresso nas mãos e não se preocupa em levar o irmão Gabriel Duarte, de 13, ao estádio
“Fui ao jogo no sábado e não tive problemasMeu pai só pediu que evitássemos tumulto”, contaO vendedor André Luiz dos Santos, de 32, também está tranquilo“Vou sair mais cedo, de táxi, para chegar sem problemasMas tenho certeza de que o protesto não vai atrapalharA polícia só tem de estar lá para conter os ânimos de quem vai para praticar vandalismo”, acredita.