Os atos de vandalismo contra concessionárias, agências bancárias, lojas de telefonia móvel, bancas e outros estabelecimentos privados durante as últimas manifestações na capital mineira correspondem ao gasto que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) tem com depredações em 10 meses. A reportagem do Estado de Minas percorreu o caminho dos protestos violentos pelas avenidas Presidente Antônio Carlos, Afonso Pena e Amazonas, onde 34 lojas foram atacadas, somando um prejuízo total de R$ 1.684.150, segundo estimativas dos comerciantes. A PBH informou que gasta por ano um mínimo de R$ 2 milhões para reparar equipamentos públicos e edifícios vandalizados. Ou seja, a destruição é equiparável ao dano de 307 dias de vandalismo numa comparação com os esforços municipais para recuperar o que é pichado ou destruído. Na iminência de mais ataques amanhã, quando a Seleção Brasileira joga no Mineirão, empresários protegem vidraças com tapumes e contratam seguranças.
De acordo com o gerente geral da Automak, Edgard Speziali, além de fechar toda a fachada com folhas de compensado, vão remover os veículos para galpões distantes. “Vamos literalmente desmanchar a nossa loja e só voltar a montá-la quando a Copa das Confederações tiver terminado”, disse. O estabelecimento ficou no caminho dos manifestantes mais violentos e teve 14 placas de vidro despedaçadas em todos os dias de protestos, mesmo tendo estendido uma faixa dizendo apoiar manifestações sem violência. As pedras e estilhaços de vidros deram para encher oito tambores.
Empresa fechada
Desolado depois dos ataques que arrasaram a concessionária em que trabalha, o gerente da Caoa Hyundai da Antônio Carlos disse que vai dar folga aos 20 vendedores e demais funcionários e literalmente abandonará o ponto. “Não vou consertar nada agora. Vou deixar que terminem de destruir tudo, depois a gente reconstrói”, afirma. O estabelecimento foi o que mais prejuízos sofreu. Ao todo, 20 automóveis foram depredados, computadores, aparelhos de TV, eletrodomésticos, móveis e equipamentos foram saqueados ou destruídos. Todas os vidros das vitrines foram despedaçados, deixando o estabelecimento completamente aberto para a rua. Ontem, os funcionários terminavam de empacotar o que não foi levado.
Na Avenida Afonso Pena e na Antônio Carlos vários bancos cobriram com tapumes as vidraças e portas, temendo ser depredados como as 12 agências que foram alvo nos últimos dias. Foram danificados 23 caixas eletrônicos. No interior, ainda se vê os vidros quebrados por trás das proteções de madeira. No Banco do Brasil do Jaraguá apenas os caixas eletrônicos funcionavam para atendimento, ontem, trazendo transtornos para os clientes que precisavam dos serviços e não tinham veículos para se deslocar até outras regiões. É o caso da faxineira Maria Lúcia Alves de Lima, de 43 anos, que precisava pagar um cartão de crédito, mas não pôde porque o documento só poderia ser quitado num caixa tradicional. “Sou a favor das manifestações, mas quebrar as coisas que a gente precisa usar é errado. Se não pagar o cartão hoje vou pagar mais multa e aqui na região não tem outra opção”, lamentou.
O Supermercado das Portas e Janelas, próximo à Avenida Bernardo Monteiro, também foi atingido e ficou sem 14 vidraças. Ontem, funcionários se apressavam para fixar grades de metal para impedir saques e reforçar a segurança em caso de novos protestos.
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que ainda não calculou os prejuízos sofridos com a destruição do patrimônio público, mas ao longo das avenidas Antônio Carlos, Afonso Pena e Amazonas foi possível encontrar um rastro de equipamentos destruídos. Foram depredados oito radares seis lixeiras, as duas luminárias do obelisco da Praça 7, quatro relógios digitais de rua, placas de trânsito, a guarita do edifício sede da prefeitura e um Posto de Observação e Vigilância da Polícia Militar no Centro. Pelo menos 11 abrigos dos ônibus foram atingidos.