O grito “vem para a rua” se espalhou ontem pelas principais estradas que cortam a Grande BH e outras regiões de Minas, mas sem confronto entre polícia e manifestantes. À noite houve tumulto na Via 240, nos bairros Novo Aarão Reis e Ribeiro de Abreu, na Região de Norte da capital, onde moradores depredaram seis ônibus em protesto por passarela e falta de iluminação pública.
A exemplo das manifestações que desde a semana passada tomaram a BR-040, na altura de Ribeirão das Neves, outras rodovias foram fechadas. Além da bandeira comum do transporte público, as reivindicações ganharam enfoques como melhoria da educação e da saúde. Houve interdição em dois trechos na BR-040, em Contagem e Esmeraldas, na BR-381, em Betim, na BR-116, em Caratinga e Governador Valadares, na MG-050, em Juatuba, e no Anel Rodoviário, na altura do Bairro Betânia.
Na altura do km 525 da 040, em Contagem, manifestantes atearam fogo em lixo e pneus, por volta das 13h, próximo ao Bairro Novo Boa Vista. “Queremos médicos no posto de saúde, passagem mais barata”, reclamou Josilene Elias, de 28 anos. Apesar do fogo, a maior paralisação na rodovia ocorreu na altura do km 503, em Esmeraldas, que ficou mais de 10 horas de interdição nos dois sentidos, com retenção de 11 quilômetros.
Numa vistoria superficial feita às margens da rodovia, os fiscais do DER identificaram problemas graves de segurança nos veículos, que foram encaminhados para fiscalização mais aprofundada. “Os ônibus estavam sem amortecedores, com vazamento de óleo, para-brisa solto, painel de controle sem qualquer utilidade, ausência de vidro na janela do motorista”, informou o gerente de coordenação e fiscalização do DER, Ronaldo de Assis Carvalho, ressaltando que a empresa foi autuada pelas irregularidades. Apenas este ano, as 600 vistorias feitas em veículos da Transimão geraram 360 autos de infração, chegando ao percentual de 60% de irregularidades.
Por meio de sua assessoria, a Transimão disse que tem uma frota moderna de mais de 900 ônibus para BH e região metropolitana, com média de idade de cinco anos, que são trocados a cada oito anos de uso, tempo inferior ao exigido pelo órgãos de trânsito, que varia de 10 a 15 anos. “Os ônibus são vistoriados diariamente e passam por revisão mecânica a cada três mil quilômetros, tempo inferior à recomendação dos fabricantes, que é de cinco mil. Nos últimos anos foram investidos cerca de R$ 100 milhões em infraestrutura e R$2 milhões na aquisição de 2.680 câmeras de segurança. Até o fim de 2013 mais de 80 veículos serão substituídos”, segundo a assessoria.
Melhorias
Diante dos protestos, o governo de Minas divulgou nota com cronograma de ações para a melhoria no sistema de transporte na região. O cumprimento do itinerário e do horário e o respeito à lotação terão de ser feitos imediatamente. Em 10 dias, a empresa terá de fazer a manutenção da frota. Em um mês, está prevista a criação de linha diretas e paradoras e, em 60 dias, a adequação da frota à demanda de passageiros e a expansão do sistema a bairros que não são atendidos atualmente.
“Os ônibus circulam em péssimas condições, há linhas fantasmas que só existem no papel”, afirma um dos manifestantes, Ricardo Silva Dias, de 30, morador do Bairro Tijuco. “Se as nossas reivindicações não forem atendidas, voltamos a protestar em 30 dias”, disse Carla de Oliveira, do Bairro Ipê Amarelo, em Esmeraldas. Os manifestantes pedem ainda a redução da passagem de R$ 5,45 para R$ 4,25. Segundo a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas, a redução do preço será de 3,65%, passando para R$ 5,25, e começará a valer em 1º de julho.
A partir das 14h, um grupo de cerca de 50 moradores permaneceu interditando a rodovia e só saiu com a chegada de representantes da prefeitura de Esmeraldas, que prometeu marcar reunião para discutir as demandas. Na sexta-feira, a rodovia ficou fechada por 14 horas e houve confronto entre policiais e manifestantes. Três militares foram baleados.
Amazonas
Cerca de 50 alunos do Escola Estadual Professor Leon Renault se reuniram na esquina da Avenida Amazonas com Rua Conde Pereira Carneiro, Bairro Gameleira, na Região Oeste de BH. Eles interditaram o trânsito da mesma forma que fizeram na sexta-feira.
Em Santa Luzia, na Grande BH, também foi palco de protesto. Segundo a Polícia Militar, 50 pessoas fecharam a Avenida Brasília, no Bairro Frimisa, nos dois sentidos, com galhos de árvores. Com cartazes, eles cobraram melhorias no transporte, saúde e educação.