Longe da baderna e das confusões, o grito de protesto de Douglas foi interrompido em um pulo dado em falso de cima do Viaduto José Alencar, que faz a ligação das avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram, no acesso ao MineirãoSegundo um dos dois amigos que o acompanhavam na manifestação, Fernando Fernandes, Douglas tentou pular a mureta do viaduto para alcançar a outra pista, mas não viu o vão livre entre os dois ladosDe acordo com a Polícia Civil, não haverá investigação sobre a morte, pois ainda não há indícios de crime
A mãe assistiu a tudo pela televisão e, na hora do acidente, identificou o filho pela cor da camisa“Vi o Douglas deitado no chãoMeu filho era muito especial na minha vida, falava que me amava todos os dias”, diz Neide, em prantos“Não sei se conseguirei superar esta dor”, completaFilho de pais separados, Douglas se mudou com a mãe, as duas irmãs e uma sobrinha, há cerca de dois anos, de Curvelo, na Região Central, para Contagem, na Região Metropolitana de BHO pai mora em São Francisco de Paula, no Centro-Oeste do estadoTeve que ser internado com hipertensão ao saber da morte do filho.
O jovem nasceu em Oliveira, também no Centro-Oeste de Minas, mas passou grande parte da vida em Curvelo, onde será sepultado hoje, às 8h, no Cemitério Santa RitaO velório começou ontem, às 18h“Viemos do interior para estudar, pois lá não há muitas oportunidades
Havia seis meses que era funcionário da Usifast, empresa de logística em ContagemLá, trabalhava como auxiliar de logística e ajudava a colocar as mercadorias nos caminhõesPegava serviço às 6h da manhã, mas, na quarta-feira, faltou ao expediente para ir à manifestaçãoDesde a semana passada estava entusiasmado com os movimentos de protesto e, no perfil do Facebook, chegou a convocar os amigos para irem para a ruaCompareceu à manifestação de sábado e chegou a postar fotos dos protestos de quarta, pouco antes do acidenteOntem, a morte virou assunto nas redes sociais, onde muitos lamentaram a tragédia.
“Ele morreu lutando, mas não sei se valeu a penaFatalidade ou não, morreu por aquilo que acreditavaEra uma pessoa cheia de planos, aventureiro, bonito”, lamenta a irmã LetíciaPara o primo, fica a imagem de um jovem que tentou fazer a diferença“Ele tinha uma luz própria e não esperava ninguém fazer nada por eleIa sempre atrásNo sábado, chegou a me falar que a manifestação tinha a nossa cara e que ele iria participar, porque, desse jeito, faria a diferença”, conta.