(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Moradores ficaram no fogo cruzado durante confrontos na Avenida Antônio Carlos

Belo-horizontinos que vivem ou trabalham na via relatam momentos de tensão em meio a atos de vandalismo


postado em 28/06/2013 06:00 / atualizado em 28/06/2013 06:44

No dia seguinte aos ataques com pedras e foguetes e aos saques nos arredores da Avenida Antônio Carlos, moradores e funcionários de empresas da região ainda tentavam se recuperar do susto de ficar entre policiais e manifestantes. Edimar Ferreira, de 49 anos, foi um deles. No dia do jogo, ele dispensou os empregados de sua borracharia, na Rua Leopoldino dos Passos, que seria ocupada pela polícia. Como mora no andar de cima, decidiu ficar ali por perto, de olho no imóvel. “Tem muito material inflamável na borracharia, como pneus e cola. Se pegasse fogo lá, ia queimar minha casa toda”, disse. O receio de Edimar tinha fundamento.


Ao ser expulso pela PM da Avenida Abrahão Caram, um grupo levou o confronto justamente para a Rua Leopoldino dos Passos, onde a PM estava postada. Uma fogueira foi feita com tapumes e madeira usada para lacrar as concessionárias próximas, a menos de 50 metros da borracharia. A agressividade aumentava enquanto policiais tentavam espantar o grupo com bombas de gás lacrimogêneo e os baderneiros atiravam pedras e foguetes. “Não pude mais ficar na borracharia. Minha única opção foi correr para dentro da UFMG (as salas da Faculdade de Belas-Artes que funcionam no prédio vizinho), já que de um lado da rua estava a PM e do outro, os baderneiros”, lembra.

O porteiro do prédio da faculdade, Moisés Ferreira Rocha, de 49, permitiu a entrada do borracheiro. Porém, os dois acabaram encurralados. As janelas do edifício foram despedaçadas no confronto. Centenas de pedras ficaram espalhadas nos corredores e dependências da escola, que suspendeu as aulas ontem. “Primeiro, a gente achou que ia ser atingido. Aí, quando começou o fogo, lembramos que o prédio era da UFMG. Por ser do governo, ficamos com medo de que tentassem botar fogo com a gente dentro”, conta Moisés. A situação piorou quando as bombas da gás lacrimogêneo estouraram por perto e a fumaça invadiu o edifício. “Se a gente tentasse sair seria apedrejado, a solução foi sair correndo com os olhos turvos, tossindo, até um quarto, que era mais fechado. Ficamos rezando para sair sem ferimentos”, lembra o porteiro.

Ganha-pão A empresária Ana Paula Rabelo Freitas, de 44 anos, também tentava se recuperar dos momentos de tensão do dia anterior. Como mostrou o EM ontem, ao ver que a estamparia da família estava sendo invadida por saqueadores, ela e o filho, de 17, correram para tentar impedir a ação dos vândalos. “Já cheguei chorando, segurando os ladrões pelos ombros e implorando para que não roubassem nem destruíssem nada. Aquele é o nosso ganha-pão”, lembra. Alguns manifestantes se sensibilizaram e foram embora e outros fugiram levando monitores de computador e suprimentos do escritório. “Foi então que meu filho chegou gritando, dizendo que a polícia estava chegando. Isso fez com que o resto se fosse”, conta. “Já passei por tudo. Tive medo, tive raiva, agora estou processando. Acho justas as manifestações, mas roubos e vandalismo não vão mudar o país”, considera.

Moradores da região também ficaram com medo. O prédio do aposentado Roberto Antônio Estêves, de 61 anos, foi abandonado diante da possibilidade de vandalismo. O edifício fica na Rua Noraldino Lima, dentro da zona de confrontos. “Fui para Sabará e fiquei na casa da minha irmã. Da televisão via as bombas, os saques e as depredações. Toda hora achava que invadiriam minha casa”, conta. Ao chegar em casa, o aposentado viu a garagem cheia de pedras, garrafas quebradas e cápsulas de bombas de gás lacrimogêneo. “Estava aliviado de nada ter sido quebrado, até entrar dentro de casa e sentir os olhos ardendo como fogo”, lamenta.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)