Muita gente se apressou em celebrar um movimento sem líder e sem bandeiras. Outros tantos falaram em horizontalidade como atributo de uma manifestação que parecia romper criativamente com tudo o que se sabia de política. Não foram poucos os que sentiram que a revolta brotava de cada um, reunindo o saudável impulso de tentar mudar o mundo e diminuir as injustiças.
Douglas Henrique de Oliveira Souza, de 21 anos, era um jovem brasileiro que veio do interior para estudar e trabalhar. Não prosseguiu nos estudos, mas labutava todos os dias para ajudar a sustentar a família. Ele foi às ruas na quarta-feira com dois amigos para melhorar o Brasil. Não voltou para casa. Morreu ao cair de um viaduto, em meio à troca de violências dos dois lados da trincheira. Estava sozinho.
As duas situações – o individualismo e a solidão – talvez se somem para deixar ardendo nos olhos, como atingidos por gás que fere, a mais triste das perguntas: quem vai chorar a morte de Douglas, além de sua família? Uma vida jovem que se perde daquela maneira deveria parar o mundo, o inútil jogo de futebol a poucos metros, a estupidez que se alastrava à sua volta. Sem Douglas, a vida da cidade deveria ter ficado sem sentido.
A política precisa da solidariedade. Não foi por acaso que a fraternidade foi incorporada aos princípios da maior revolução moderna. Mais que liberdade e igualdade, que são ideias, é a fraternidade que dá o sentido humano da política. A solidariedade que brota de irmãos de causa faz com que a morte de um índio gere justificadas revoltas, que o assassinato no campo fortaleça o laço entre os sem-terra. Fez com que a perda de um estudante, como ocorreu em 1968, no restaurante carioca Calabouço, tenha mobilizado todo o país.
Em todos esses casos, o sentimento era o mesmo: poderia ser um de nós, um irmão, um filho. É este sentimento coletivo que cria identidades políticas capazes de mover o mundo de verdade e de dar sentido às fileiras que marcham de mãos dadas em torno de ideias generosas.
O individualismo anárquico das redes sociais parece gerar um compromisso de outra ordem, mais funcional e operativo, mas menos humano e verdadeiro. Uma passeata de resultados. Talvez por isso se fale tanto em anônimos e se usem tantas máscaras idiotas. A morte não permite disfarces. Ela mostra o rosto. E o choro da mãe que perdeu um filho. Não existe dor maior.
Em nome de Douglas Henrique, a tarefa agora é reunir forças, aclarar os propósitos e organizar a luta. Sem política, a tristeza é senhora.
Douglas Henrique de Oliveira Souza, de 21 anos, era um jovem brasileiro que veio do interior para estudar e trabalhar. Não prosseguiu nos estudos, mas labutava todos os dias para ajudar a sustentar a família. Ele foi às ruas na quarta-feira com dois amigos para melhorar o Brasil. Não voltou para casa. Morreu ao cair de um viaduto, em meio à troca de violências dos dois lados da trincheira. Estava sozinho.
As duas situações – o individualismo e a solidão – talvez se somem para deixar ardendo nos olhos, como atingidos por gás que fere, a mais triste das perguntas: quem vai chorar a morte de Douglas, além de sua família? Uma vida jovem que se perde daquela maneira deveria parar o mundo, o inútil jogo de futebol a poucos metros, a estupidez que se alastrava à sua volta. Sem Douglas, a vida da cidade deveria ter ficado sem sentido.
A política precisa da solidariedade. Não foi por acaso que a fraternidade foi incorporada aos princípios da maior revolução moderna. Mais que liberdade e igualdade, que são ideias, é a fraternidade que dá o sentido humano da política. A solidariedade que brota de irmãos de causa faz com que a morte de um índio gere justificadas revoltas, que o assassinato no campo fortaleça o laço entre os sem-terra. Fez com que a perda de um estudante, como ocorreu em 1968, no restaurante carioca Calabouço, tenha mobilizado todo o país.
Em todos esses casos, o sentimento era o mesmo: poderia ser um de nós, um irmão, um filho. É este sentimento coletivo que cria identidades políticas capazes de mover o mundo de verdade e de dar sentido às fileiras que marcham de mãos dadas em torno de ideias generosas.
O individualismo anárquico das redes sociais parece gerar um compromisso de outra ordem, mais funcional e operativo, mas menos humano e verdadeiro. Uma passeata de resultados. Talvez por isso se fale tanto em anônimos e se usem tantas máscaras idiotas. A morte não permite disfarces. Ela mostra o rosto. E o choro da mãe que perdeu um filho. Não existe dor maior.
Em nome de Douglas Henrique, a tarefa agora é reunir forças, aclarar os propósitos e organizar a luta. Sem política, a tristeza é senhora.