O controle da população de capivaras na Lagoa da Pampulha será discutido em reunião emergencial hoje, às 17h, entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Prefeitura de Belo Horizonte. Como o Estado de Minas mostrou na edição de ontem, os mamíferos tomaram conta da orla e estão pisoteando e atacando jardins recém-restaurados de Burle Marx (1909-1994). Enquanto não há definição sobre o manejo, a Regional Pampulha vai cercar a área dos canteiros para evitar devastação, como informou em nota a Fundação Municipal de Cultura (FMC).
Iniciada em março, a recuperação do traçado original dos jardins, tal como o paisagista havia projetado na década de 1940, abrange o Museu de Arte da Pampulha, a Casa do Baile, a Igreja São Francisco de Assis, além da Casa Kubitschek e da Praça Dalva Simão, num investimento total de R$ 4 milhões. Os dois primeiros acabaram de ser concluídos e já estão recebendo a visita de capivaras. Há plantas como a moisés-no-cesto, muito rara, que foram destruídas. A iresine, planta nativa comum nos projetos de Burle Marx, é a mais visada pelos mamíferos.
Desafio
De acordo com o coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, Daniel Vilela, há mais de 10 anos a prefeitura lida com o desafio das capivaras. “É um roedor com potencial reprodutivo alto e, em ambientes urbanos, encontra habitat favorável, pois tem oferta de alimento – capins, gramíneas e jardins – e não encontra predador, entre eles a onça e o lobo-guará”, afirma. O último levantamento da prefeitura, do ano passado, indica que há cerca de 90 capivaras na orla.
O coordenador afirma haver várias formas de controle do mamífero, entre elas a captura e soltura em outro ambiente, a esterilização de indivíduos, além do cercamento das áreas onde há alimento disponível. “No passado, já houve a captura de capivaras como forma de controle. Vamos analisar as propostas da prefeitura para ver qual é a mais adequada. A questão é pensar num conjunto de medidas que mantenha a população num nível que cause pouco impacto”, explica Vilela.
Além da ameaça das capivaras, algumas espécies plantadas nos jardins do museu estão sofrendo com o ataque de ervas daninhas, como a tiririca. Segundo a FMC, um plano de manutenção dos canteiros prevê a retirada de todas as espécies daninhas. Já há contrato para a execução do serviço para os próximos cinco anos.
SAIBA MAIS: MAIOR ROEDOR DO MUNDO
Nativas das Américas do Sul e Central, as capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) são os maiores roedores do planeta. Relatos dos primeiros exploradores dão conta de que os nativos dessas regiões domesticavam os animais. Adaptadas ao ambiente aquático, as capivaras usam as patas com membranas entre os dedos para nadar com mais velocidade, se reproduzem na água e até dormem submersas, apenas com os focinhos para fora da linha d’água. Como outros roedores, o animal é muito adaptável e consegue sobreviver em ambientes degradados.