Jornal Estado de Minas

Júri de integrante do Bando da Degola entra na fase final

Na tarde desta segunda-feira foi iniciada a fase de argumentação. Defesa diz que réu foi coagido pelo líder do bando, Frederico Flores, mas acusação contesta. Pela manhã, Arlindo Soares Lobo foi interrogado

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri Guilherme Paranaiba

- Foto: Marcelo Sant'Anna/EM DA Press

O júri do estudante de direito Arlindo Soares Lobo, acusado de integrar o Bando da Degola, entrou na fase final na tarde desta segunda-feiraO juiz determinou um intervalo depois de quase três horas de interrogatórios ao réu e no retorno iniciou-se a fase da argumentação de defesa e acusaçãoO promotor Francisco Santiago falará por 1h30 e o advogado Marco Antônio Siqueira terá o mesmo tempoO representante do Ministério Público ainda não decidiu se fará a réplica e o julgamento pode acabar antes do anoitecer

Arlindo é acusado com mais sete pessoas de manter em cárcere privado e matar os empresários Fabiano Ferreira Moura, de 36 anos, que levou 20 facadas, e Rayder Santos Rodrigues, de 39, que foi estranguladoA sessão ocorre no 2º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, no Fórum Lafayette, e começou por volta de 9h com a escolha do Conselho de Sentença e leitura do processo

Às 9h55 o juiz começou a interrogar o réuO magistrado pendiu para que ele relatasse como conheceu Frederico Flores, apontado como líder do Bando da Degola e que comandou a trama criminosa contra os dois empresáriosO juiz pediu detalhes de como foram os dias de cativeiro e o momento da morte das vítimas

Os crimes foram em 7 e 9 de abril de 2010, em um apartamento no Bairro Sion, Região Centro-Sul de Belo HorizontePara dificultar a identificação, o grupo decapitou e retirou os dedos das vítimas, que foram enroladas em lonas plásticas e queimadas numa estrada de terra de Nova Lima, região metropolitana

As cabeças e os dedos não foram encontrados

Coação é ponto polêmico

O promotor seguiu com o interrogatório, logo após o juizSantiago tenta derrubar um argumento da defesa de que o estudante de direito foi coagido pelos outros membros do bando, principalmente por Frederico FloresO promotor perguntou ao réu o motivo pelo qual não denunciou as ameaças à polícia para tentar se livrarO acusado relatou que Flores mudou de comportamento durante o tempo em que conviveramDisse ainda que foi ameaçado com arma e não denunciou porque Flores andava sempre cercado de policiais

O defensor de Arlindo fez perguntas também direcionadas à possível coação de Flores sobre o réuEle contou uma situação em que o estudante de direito urinou nas calças por causa do medo que tinha de FloresDepois das perguntas do advogado, a sessão do júri foi suspensa para intervalo e está marcado o retorno para 13h40

Arlindo responde por homicídio qualificado, extorsão e destruição e ocultação de cadáver, além de formação de quadrilha
O ex-policial militar Renato Mozer é o único réu já condenado no casoEle pegou 59 anos de prisão, em sentença proferida em 2011.