O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) quer que a Prefeitura de Ouro Preto, na Região Central, resgate o estado anterior da Praça Tiradentes, área mais frequentada por turistas na cidadeNa semana passada, a pedido da administração municipal, foram retiradas pedras do calçamento destinado a pedestres e a orientar o trânsito de veículosA promotoria notificou o órgão e exige o retorno ao estado anterior, sob pena de multa diária e, se necessário, medidas judiciais, alegando que as mudanças desrespeitam um acordo firmado em 2008A secretaria de Cultura e Patrimônio defende a reforma e afirma que parte dela foi permitida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pelo tombamento do Centro HistóricoPorém, o escritório local do órgão nega que tenha dado qualquer autorização.
A prefeitura removeu pedras que compunham duas abas do passeio central da praça, situado entre o Museu da Inconfidência e a Escola de MinasAs abas delimitavam as áreas destinadas ao estacionamento de carros, interditadas com cavaletes desde a reformaTambém foram retiradas duas “ilhas” que estavam posicionadas nas extremidades do passeio central e, além de orientar o tráfego de carros, ajudavam os pedestres a atravessar as ruasAs estruturas haviam sido erguidas no final de 2008, mesmo ano em que a prefeitura, o MP e o Iphan assinaram um termo de ajustamento de conduta (TAC), firmado para tentar diminuir o trânsito intenso de carros, melhorando as condições de preservação do patrimônio histórico e facilitando o tráfego de veículos e pedestres.
O TAC também defendia a “humanização” da Praça Tiradentes, com a criação do passeio central, sendo constituído pela implantação dos meios-fios de pedra e pela elevação do piso da praçaO texto não menciona as ilhas nem as abas, estruturas removidas pela prefeitura“As ilhas buscavam ordenar o trânsito de carros e viabilizar a travessia de pedestresAgora, o tráfego está completamente desorganizado, às vezes três linhas de carros passam por onde havia as ilhas e os pedestres ficam sem poder atravessar”, diz o promotor Domingos Ventura de Miranda Júnior, que se queixa do fato de MP não ter sido consultado sobre a reforma.
Notificação
A promotoria deve encaminhar hoje novo ofício à prefeitura, reforçando o conteúdo da notificação anterior
O secretário municipal de Cultura e Patrimônio, José Alberto Pinheiro, disse que as mudanças foram motivadas por reclamações de motoristas“Muitos, inclusive moradores, diziam que às vezes batiam os carros nessas estruturasA iluminação no local não é boa pra que conseguissem sempre distinguir a mudança de nível em relação à rua”, explicaEle afirma que a prefeitura foi autorizada pelo Iphan a retirar a ilha entre entre o passeio central e o museu e nega que o TAC tenha sido desrespeitadoSegundo ele, a prefeitura pretende criar oito faixas para pedestre no entorno da praça.