A defesa do estudante Arlindo Soares Lobo, o segundo sentenciado por participação no chamado bando da degola, aguarda resultado de recurso impetrado ontem no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, contra a pena de 44 anos de reclusão em regime fechadoO advogado do estudante, Marco Antônio Siqueira, pediu a revogação da prisão preventiva do acusado, destacando que Arlindo não está condenado em definitivoA defesa definiu a condenação como “elástica” e afirma já não existirem as motivações que levaram à prisão cautelar do acusado, pois ele já foi levado ao banco dos réus
Arlindo Lobo enfrentou o júri na segunda-feira, depois de três julgamentos adiadosOito pessoas são acusadas de envolvimento com o bando da degola, que assassinou os empresários Fabiano Ferreira Moura e Rayder Santos RodriguesOs crimes contra os dois empresários ocorreram em 7 e 9 de abril de 2010, em um apartamento no Bairro Sion, Região Centro-Sul de Belo HorizontePara dificultar a identificação, o grupo decapitou e retirou os dedos das vítimas, cujos corpos foram enrolados em lonas plásticas e queimados em uma estrada de terra de Nova Lima, Região Metropolitana de BHAs cabeças e os dedos nunca foram encontrados.
Marco Antônio Siqueira, no ofício encaminhado ao presidente do 2º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, destacou que seu cliente tem residência fixa, é primário, tem bons antecedentes, com possibilidade de trabalhar e retornar aos estudos para completar o curso de direitoPara o advogado, a liberdade de Arlindo Lobo, enquanto aguarda recurso no Tribunal de Justiça, vai permitir que ele continue o tratamento psicológico e psiquiátrico, sem os entraves burocráticos que tem enfrentado por estar presoSiqueira pediu urgência no envio do recurso ao TJ.
No documento, a defesa ainda informa que Arlindo está preso há 1.190 dias, mesmo sem sentença definitivaE que na unidade prisional em que se ele encontra, o Presídio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, não tem como trabalhar ou estudar, não por omissão da gestão da cadeia, mas devido ao grande número de detidos no local
O estudante de direito foi sentenciado pelo juiz Glauco Eduardo Soares pelos crimes de homicídio qualificado (15 anos de reclusão em regime fechado), extorsão (quatro anos e seis meses de reclusão em regime semiaberto), destruição e ocultação de cadáver (um ano e seis meses de reclusão em regime aberto) e formação de quadrilha (um ano de reclusão em regime aberto)A pena total é dobrada, já que a sentença vale para cada uma das vítimasA defesa, que esperava condenação entre 24 e 26 anos, considerou a decisão excessivamente rigorosaAs alegações do advogado não convenceram os juradosEle tentou argumentar que Lobo teria sido coagido por Frederico Flores, apontado como líder do bando, a cometer os crimes.