Um capitão da Polícia Militar foi preso ontem à tarde, em Belo Horizonte, em decorrência dos trabalhos da força-tarefa que investiga 14 assassinatos no Vale do Aço com indícios de participação de grupos de extermínioEntre os casos estão as execuções a tiros do jornalista Rodrigo Neto, de 38 anos, em março deste ano, e do repórter fotográfico Walgney Assis de Carvalho, de 43, em abrilDe acordo com o delegado Wagner Pinto, que chefia a força-tarefa, o oficial da PM Charles Clemencius Diniz Teixeira não está ligado às mortes dos dois profissionais de imprensaPorém, é suspeito de ser o mandante da execução do mototaxista Diunismar Vital Ferreira, o Juninho, de 41Por ocasião do ataque ao mototaxista, o instalador de máquinas José Maria, de 58, foi atingido por uma bala perdida e também morreu
O delegado Emerson Crispim de Morais, do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela apuração do crime, ocorrido em 8 de fevereiro de 2007, disse que o capitão nega ter sido o mandantePorém, ele e sua atual companheira, Cíntia Ramos Faridi, foram indiciados pelo duplo homicídioNo caso da morte do instalador, que não seria o alvo do casal, eles respondem por dolo eventual, quando assumem o risco de matarMorais justificou o pedido de prisão preventiva do militar como forma de garantir a ordem pública“Há várias testemunhas que confirmam os atritos entre a vítima e o acusado, seguidos de ameaças de morte”, disse o delegado, que descartou qualquer envolvimento do oficial nas execuções dos jornalistas.
As acusações contra Charles Clemencius faziam parte de um material que o repórter Rodrigo Neto vinha juntando pouco antes de morrer para produzir uma série de matériasDiunismar era um trabalhador sem qualquer passagem pela polícia, mas o caminho dele cruzou com o do capitão, que trabalhava em Ipatinga, depois que sua então namorada, Cintia Faridi, passou a ter um caso com o militar, na época casado
Discussão
Diunismar Ferreira foi morto depois de se envolver numa discussão seguida de agressão à sua ex-companheiraA mulher o procurou para pegar seus pertences, colocando fim na relação do casalTestemunhas contaram que Cíntia dirigia o carro do capitão da PM, com quem passou a morar, e durante o atrito, Diunismar chutou a porta do veículoA ex-companheira então o ameaçou de morte e, passadas 11 horas, dois homens numa moto o abordaram numa padaria, no Bairro Veneza, em Ipatinga, para executá-lo com seis tirosFoi quando o instalador José Maria também foi baleado e morreu.
Desde que a força-tarefa com quatro delegados do DHPP, de Belo Horizonte, iniciou as apurações no Vale do Aço, há três meses, já foram presos nove policiais, sendo três militares e seis civisUm dos presos, o investigador Lúcio Lírio Leal, de 22, é suspeito de participação na execução do repórter Rodrigo NetoAlessandro Neves, de 31, o Pitote, é apontado como o autor dos cinco disparos que atingiram o jornalistaMesmo não sendo policial, ele circulava livremente pelas delegacias de Ipatinga e até participava de ações da Polícia Civil na cidadeOs dois foram presos no mês passadoHá outro policial preso, suspeito de participação no assassinato de Walgney Carvalho