Os usuários dos coletivos ficaram perdidos no meio de tanta obra. O servente Jackson José Gonçalves, de 43 anos, depois de 20 minutos sentados no ponto do ônibus, foi informado que o corredor da Avenida Paraná estava fechado. “Isso é uma bagunça”, reclamou Jackson, que ao consultar um cartaz no ponto só encontrou orientação sobre os coletivos de BH. “Pego o ônibus da linha 5375, Justinopólis via Cruzeiro, metropolitano, e não há informação para onde foi o ponto.”
O ajudante de serviço Daniel Augusto, de 22, e sua mulher Poliana, grávida, enfrentaram a mesma dificuldade na tentativa de seguir para Ribeirão da Neves. Em busca de ajuda com um agente da BHTrans, foram orientados a seguir até a Avenida Olegário Maciel, para onde teriam sido desviadas as linhas metropolitanas. “Já andamos em busca do ponto aqui na Paraná e agora vamos andar mais. É um descaso total com os usuários.” Das 26 linhas que passam pela via, 11 foram deslocadas para ruas do entorno e o restante permanece na avenida.
Se passageiros tiveram dificuldades para embarcar, motoristas sofreram com o trânsito lento, principalmente quem pegou o Viaduto B para ter acesso ao Centro. “Demorei 20 minutos para fazer o trajeto entre as ruas Além Paraíba e Guarani, que não deve dá um quilômetro. Deveriam planejar melhor essas obras”, reclamou o mecânico Emilson Pereira Gomes, de 46. O motorista de ônibus Alexandre Moura, de 49, disse que a quantidade de agentes da BHTrans no local acaba por dificultar. “Se fossem apenas os semáforos, a situação não seria tão complicada. Mas os guardas ficam tentando fazer o trânsito fluir e vira uma confusão.”
“Essas mudanças já são um transtorno para todos nós. Ser pego de surpresa é um problema ainda maior”, disse o estudante de engenharia Guilherme dos Santos, de 21, referindo-se à falta de avisos no ponto na manhã de ontem. O rapaz queixa-se que depois da abertura do canteiro de obras andar de ônibus ficou mais complicado. “Isso leva a crer que a obra está mal planejada. As mudanças interferem muito no dia a dia. Chego cada vez mais estressado em casa, porque fico preso no trânsito”, afirma. Enquanto aguardava o coletivo na Avenida Paraná na manhã de ontem, a diarista Maria Tereza das Graças, de 62, disse ter ficado surpresa com a alteração de tráfego. “Somos os últimos a ficar sabendo, mas somos os que mais sofremos com essa obra”, reclamou.
Vistoria
Antes da interdição, que ocorreu na tarde de ontem, técnicos da BHTrans fizeram uma vistoria na Avenida Paraná. Segundo a gerente de Operações da Área Central, Maria Odila de Matos, as interferências precisavam ser corrigidas para que a mudança fosse implantada com segurança. “Estamos trabalhando na implantação das placas com identificação de travessias de pedestres e na instalação dos novos pontos de ônibus”, explicou.
Para fazer a mudança do tráfego para o contrafluxo, o trânsito foi fechado no cruzamento da avenida com a Rua dos Tupis. Os passageiros que estavam nos pontos de ônibus no sentido rodoviária foram transferidos para a nova pista em pontos montados na manhã de ontem. Durante a semana, outras medidas serão adotadas, como a transferência de abrigos dos pontos e a implantação de concreto em alguns locais onde houver demanda. De acordo com Maria Odila, três novos pontos serão criados nas esquinas da Paraná com Tupis, Tamoios e Carijós. As ciclovias permanecem fechadas durante as obras.
De acordo com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), as intervenções do BRT na área central serão concluídas até o fim do ano. A previsão da prefeitura é de que 700 mil pessoas sejam beneficiadas diariamente pelo BRT. O objetivo é que o usuário diminua em até 50% o tempo de viagem atual.
A volta para casa foi complicada ontem para passageiros que embarcam em linhas de ônibus na Avenida Paraná, no Centro de Belo Horizonte, e motoristas que passaram pelo trecho. A Avenida Paraná foi interditada para fluxo de veículos entre as ruas dos Tamoios e dos Tupinambás, no sentido Avenida Amazonas/rodoviária, para obras do BRT. Para a alteração, pontos de embarque e desembarque de transporte coletivo mudaram de lugar, mas os usuários reclamaram de pouca informação. Outra intervenção que tumultuou o trânsito no fim da tarde e começo da noite foi o estreitamento da Rua Caeté, no cruzamento com a Paraná. Houve engarrafamento ao longo da Avenida Antônio Carlos, que chegou ao Bairro São Cristóvão.