O prefeito Marcio Lacerda ouviu, na tarde desta terça-feira, as reivindicações dos manifestantes que ocupam a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) há mais de 24 horas. O encontro, que teve início às 14h30, envolveu o chefe do Executivo e delegados escolhidos pelos manifestantes, que reivindicam a regularização de áreas públicas e particulares onde ficam as ocupações Eliana Silva, Camilo Torres, Irmã Dorothy, Dandara, Zilah Spósito, Guarani Kaiowa, Rosa Leão e Vila Cafezal.
Em quase três horas de reunião, realizada na sede da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), no Bairro Santo Antônio, o grupo apresentou ao prefeito exigências como o fornecimento de água, luz e esgoto, serviços de saúde, educação e Correios para as comunidades, reivindicadas na Justiça pelo poder público e por empresas privadas.
Lacerda se comprometeu a suspender as liminares de reintegração dos terrenos públicos ocupados, mas afirmou que ações movidas pelos proprietários de áreas privadas serão mantidas, assim como a demolição de casas em áreas de risco, no Cafezal.
Ele ainda propôs a formação de uma comissão especial, formada pelo Ministério Público, defensoria pública, prefeitura e os movimentos. Esta comissão avaliará o caso de cada comunidade individualmente, e analisará a criação de Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS), que teriam acesso a serviços essenciais.
Para o prefeito, a déficit habitacional do município pode ser sanado em menos de seis anos. “O déficit habitacional em BH é de 60 mil casas. Tenho um projeto na Câmara que permitirá a criação de 40 mil habitações. Acho que no que resta do meu mandato e na gestão do próximo prefeito deveremos resolver esta questão na cidade, desde que o programa 'Minha casa, minha vida' mantenha a mesma força'”.
Ao término do encontro, ele pediu que o grupo deixe a prefeitura "o mais rápido o possível". A prefeitura conseguiu na Justiça uma liminar para reintegração/manutenção de posse da sede na Avenida Afonso Pena. Com a decisão da 3ª Vara Municipal, os manifestantes podem ser obrigados a sair do prédio a qualquer momento, inclusive com a atuação de força policial. A decisão é da juíza substituta Simone Lemos Botoni.
Os delegados que compareceram à reunião se comprometeram a levar um parecer positivo à assembleia que acontece ainda nesta terça, na PBH, na qual manifestantes irão decidir se desocuparão a prefeitura e parte da Avenida Afonso Pena. No começo da noite, o trânsito no hipercentro era intenso e a pista no sentido Mangabeiras continuava ocupada.