Com base em depoimentos de técnicos que acompanharam o funcionamento do chamado Consultório de Rua, serviço da Prefeitura de Belo Horizonte de atendimento a usuários de drogas, a organização não governamental Defesa Social anunciou que estuda cancelar o convênio com a Secretaria Municipal de Saúde, cujo objetivo seria internar usuários de crack em comunidades terapêuticas. Ontem a entidade fez representação contra a PBH no Ministério Público, por sustentar que a administração vem distribuindo insumos que facilitam o consumo de drogas. Segundo o presidente da ONG, o evangélico Robert William, ex-policial civil e estudante de direito, ficou comprovado, na prática, que o município vem usando a política de redução de danos para tratar usuários, conforme já havia noticiado, em maio, o Estado de Minas.
“Os craqueiros têm total confiança nos técnicos, que pregam reduzir o impacto do uso da pedra na saúde. Em determinado momento, eles param a van e dão início à distribuição dos chamados insumos. Começa pelo preservativo, que pode ter tamanho adulto ou adolescente. Há ainda o soro, que serve para limpar olhos e narinas ressecados e também para destilar a droga. Outra solicitação feita pelos usuários é do canudo, com cerca de 7 cm, nas cores preta ou branca com listras vermelhas.
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A assessoria completa ainda que a política de redução de danos “executada nas abordagens aos usuários de álcool e outras drogas segue modelo exitoso, já adotado mundialmente desde a década de 80, no enfrentamento à Aids, quando começaram a ser distribuídos seringas descartáveis e outros insumos aos usuários, com o objetivo de evitar a transmissão da doença”..