Jornal Estado de Minas

Perigo perto de casa

Moradores lembram momentos de medo durante incêndio na Serra do Curral

Fogo destruiu oito hectares de vegetação

Vegetação destruída: bombeiros apuram se fogos de artifício provocaram incêndio. - Foto: Marcelo Sant'anna/esp. em/d.a press

 

Moradores do Bairro Comiteco, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, passaram a manhã limpando casas e ruas depois que um incêndio de grande proporção na área de preservação da Serra do Curral devastou oito hectares de vegetação, o equivalente a 11 campos de futebolAs chamas, combatidas por bombeiros na tarde, noite e madrugada de quarta-feira, ameaçaram mansões e deixaram um manto de sujeira e forte cheiro de queimadoHá a suspeita de que o incêndio foi provocado por fogos de artifícioBombeiros sobrevoaram o bairro de helicóptero pela manhã para começar a avaliar os danos.

“Um tapete de fuligem.” Assim a advogada Ana Esther Della Croce, de 40 anos, definiu a situação de sua casaNada, porém, comparado ao medo de ter a casa destruída pelo fogo“As chamas chegaram muito perto do muro”, lembra“Está tudo cheirando a defumado”, completou a mãe dela, Marísia Siqueira, de 70Vizinha de frente, Zélia Lage, de 64 anos, conta ter ficado em pânico quando recebeu a notícia do incêndio“Estava fora e me ligaram desesperadosNão sabia o que fazer”, dizAs escadarias de acesso à casa, a área da piscina e os jardins do imóvel ficaram cobertos por fuligem.

Moradora Ana Croce mostra sujeira - Foto: Marcelo Sant'anna/esp. em/d.a press A moradora disse que a madrugada também foi de tensão para a vizinhança

Cerca de cinco horas depois que os bombeiros controlaram o fogo, novos focos surgiramZélia conta que foi acordada às 2h da madrugada com o barulho da vegetação queimando“Olhei e as labaredas estavam altas”, disseA moradora acredita que não houve maiores consequências porque o caseiro cortou a vegetação no entorno da casaEla cobra providências de autoridades para que cobrem limpeza de áreas próximas e evitem novos focos.

A administradora Cristina Vieira Ribeiro, de 46, foi a um mirante no alto do bairro para ver o estragoO muro da casa dela ficou escurecido pela fuligem“Nunca tivemos incêndio como esseVocê nunca imagina que o fogo vai chegar tão perto da sua casa”, disse

Ação humana


O tempo seco e a falta de chuva aumentam a chance de incêndios, mas cerca de 90% dos focos em Minas são ligados à ação humana, segundo levantamento da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad)Fogos de artifício, fogueiras mal apagadas, fogo em beira de rodovia e queima de pastagens estão entre algumas das causas
Os incêndios naturais são provocados principalmente por raios, o que não é o caso neste período do ano.

Somente no mês passado, 618 focos de calor foram detectados por satélite em áreas de conservação de Minas, quase o triplo registrado em junho, que teve 209 registrosAté 31 de julho, foram 1.657 focos de calor no estado, segundo a Semad, que coordena uma força-tarefa de combate a incêndiosAté abril, o Corpo de Bombeiros já havia atendido 1.079 ocorrências de incêndios em vegetação em Minas, em beiras de rodovias, lotes vagos e pequenas áreas urbanasNo mesmo período do ano passado, foram 985Quarta-feira, uma brigada foi acionada para apagar o fogo que destruiu parte do Parque Serra do Cabral, unidade de conservação em Buenópolis, na Região Central do estado.