As atividades dos jovens peregrinos, tanto durante a Semana Missionária, que os preparou para o encontro do Rio, como a JMJ, vão ter desdobramentos. Segundo o bispo auxiliar da Arquidiocese de BH, dom João Justino de Medeiros, os primeiros passos serão reuniões, dia 12, com os coordenadores de juventude para avaliação, e no dia 23 com os voluntários que atuaram nos eventos . Um encontro maior está programado para o dia 15, quando cerca de 8 mil católicos estarão no Santuário Estadual de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na Grande BH, na Peregrinação da Juventude Arquidiocesana. “Vamos conversar sobre a atuação nas paróquias e os trabalhos de evangelização. Todos voltaram muito animados do Rio da Janeiro”, contou o bispo.
Na manhã de quinta-feira, a convite do EM, quatro jovens se reuniram na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul da capital, para falar sobre os efeitos da JMJ e Semana Missionária. Alguns ainda fazem questão de vestir a camisa da jornada, carregar a mochila azul e mostrar as fotos feitas ao lado de amigos novos e antigos, brasileiros e estrangeiros. Para Ícaro, estudante de publicidade e morador do Bairro Pompeia, na Região Leste, ficou a imagem de que a Igreja continua mais viva do que nunca. “Os jovens católicos do mundo inteiro mostraram a sua cara – e esta é a cara da igreja: acolhedora, preocupada com o ser humano. Precisamos compartilhar a experiência de fé e fraternidade e jamais perder o espírito de buscar Cristo”, acredita Ícaro.
Moradora do Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste, e atuante na Paróquia dos Sagrados Corações, Erika Rodrigues de Souza, de 23, conta que, durante todos os eventos no Rio, anotou as melhores frases do papa num caderno, do qual não se separa. Entre elas, “ide sem medo para servir”, cita a jovem, explicando que a nova geração deve levar o evangelho para todas as pessoas, “sem medo do que os outros vão dizer”. Na verdade, acrescenta, ninguém deve ter medo de falar de Deus, nem ficar fechado em grupos nas paróquias. “O santo padre nos convocou para ser protagonistas da história e isso é um chamado da maior relevância”, diz. Um dos temas recorrentes nas homilias, falas e discursos de Francisco foi a pobreza. Para Érica, essa condição não significa falta de dinheiro. E vai além: “É não ter religião, oportunidades e chance de falar”.
ALEGRIA A passagem do papa pelo Brasil deixou saudade no estudante de ciências socioambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ítalo Silva Araújo. Satisfeito com a viagem e ainda vestindo a camisa azul, ele elegeu como frase favorita, dita pelo papa, uma que relaciona fé e juventude: “Cristo bota fé nos jovens e lhes confia o futuro de sua própria causa. Também os jovens botam fé em Cristo”. O melhor resultado da JMJ é celebrar a alegria em Cristo, afirma o estudante, que ainda se arrepia ao lembrar dos minutos de silêncio durante a missa celebrada em Copacabana: “Foi impressionante, a gente só ouvia o barulho das ondas do mar. Escutando, a semana inteira, tantos idiomas diferentes, pude compreender melhor a universalidade da Igreja Católica. Estavam, ali, todos unidos com o papa e assistindo à missa”. Pensativo, ele cita um ditado popular (as palavras motivam e os gestos arrastam) para definir melhor seus sentimentos ao fazer parte da multidão nas areias agora sagradas de Copacabana.
E o que vai mudar? Ítalo não pensa duas vezes para responder, certo de que haverá um olhar mais atento dos jovens católicos para os problemas da humanidade. “Não se pode apenas falar e ouvir. Os padres, por exemplo, devem sair propagando as ideias do papa e reunir o seu rebanho.” Ao lado, Renata Fernandes de Souza, de 18, também integrante da Paróquia de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, no Bairro Concórdia, na Região Nordeste, considera inesquecível a noite da vigília. “Se cada um de nós não estivesse lá, não haveria uma multidão”, reflete a jovem, consciente de haver apenas duas palavras para resumir aqueles dias – fé e emoção.
Uma das frases mais bonitas e profundas ditas pelo papa Francisco, segundo Renata, foi proferida na vigília em Copacabana e traduz bem o espírito do encontro e seus caminhos. O ocupante do trono de São Pedro citou madre Teresa de Calcutá (1910–1997): “Mas fica a pergunta – por onde começar? A quem vamos pedir que se comece isso ou aquilo? Quando perguntaram a madre Teresa de Calcutá o que deveria mudar na Igreja, ela respondeu: ‘Você e eu’. Repito as palavras de madre Teresa. Começamos por mim e você”.
FRASES INESQUECÍVEIS DO PAPA
“Mas fica a pergunta – por onde começar? A quem vamos pedir que se comece isso ou aquilo? Quando perguntaram a madre Teresa de Calcutá o que deveria mudar na Igreja, ela respondeu: ‘Você e eu’. Repito as palavras de madre Teresa. Começamos por mim e você”
“A Igreja precisa de vocês (jovens), do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam”
“Cristo bota fé nos jovens e lhes confia o futuro de sua própria causa. Também os jovens botam fé em Cristo”
“Ide sem medo para servir”
PEREGRINAÇÃO
O próximo grande encontro de jovens da Arquidiocese de Belo Horizonte e de outras regiões de Minas está marcado para dia 15, Dia da Assunção de Nossa Senhora, no Santuário Estadual de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o reitor do santuário, padre Nédio Lacerda, são esperadas cerca de 8 mil pessoas. A Peregrinação da Juventude começará às 8h, com a concentração, seguindo-se caminhada (9h), missa (11h), na Praça Cardeal Mota, apresentação de bandas católicas (13h) e celebração eucarística (16h) na Igreja Nova das Romarias. O santuário está comemorando os 53 anos da proclamação de Nossa Senhora da Piedade como padroeira do estado.
Uma semana de boas palavras, abraços fortes de confraternização e esperança de fazer valer, na prática, frases e pensamentos do papa Francisco. Católicos mineiros que participaram da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro (RJ), ainda se sentem parte da corrente de fé formada na Praia de Copacabana por mais de 3 milhões de pessoas de dezenas de países. E querem mais, de coração aberto. Certos dos objetivos do grande encontro, eles garantem que a verdadeira missão começa agora, a partir da evangelização, contato com as comunidades e ações para socorrer pobres e necessitados. “O pontífice falou diretamente aos jovens: ‘A igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam’”, diz o integrante do Secretariado da Juventude da Arquidiocese de Belo Horizonte, Ícaro Mateus Cândido da Silva, de 21 anos. Com brilho nos olhos, ele completa o restante da frase de Francisco: ‘Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido!’