Pela terceira vez em quatro dias, moradores do Bairro Pires, em Congonhas, na Região Central do estado, fecham os dois sentidos da BR-040 em um novo protesto para exigir a construção de duas passarelas no km 603. A interdição da rodovia começou por volta das 5h desta quarta-feira. a A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que vai acompanhar um engenheiro do Dnit que deve negociar com os manifestantes nesta manhã
Assim como na terça-feira, a polícia pede que os motoristas façam um desvio passando por Ouro Preto e Ouro Branco, o que aumenta a viagem em 50 quilômetros.
Entre junho e julho, os moradores do bairro já haviam protestado na rodovia, que divide a cidade. Muitos acidentes e atropelamentos que resultaram em mortes aconteceram no trecho. A nova série de protestos começou na tarde do último domingo, quando um homem de 38 anos morreu ao ser atingido por um veículo enquanto atravessava a rodovia a caminho da igreja. A população fechou a rodovia para protestar e só deixaram o local à meia-noite de segunda-feira.
Na terça, usando pneus, pedaços de madeira e cruzes com os nomes das vítimas de acidentes, eles montaram uma barricada e interditaram os dois sentidos da estrada por 12 horas. Na ocasião, eles prometeram continuar com os protestos enquanto suas reivindicações não forem atendidas.
Revolta
“Esse é um problema antigo, de mais de 30 anos e muitas mortes. O redutor de velocidade foi instalado, mas não adianta nada porque os motoristas só diminuem muito próximo dele e o movimento aqui é intenso. Queremos uma passarela no km 603, no Bairro Pires, e outra no trevo do Bairro Vila Bela”, explicou o encarregado de produção Celso Teixeira Cordeiro, de 26 anos.
Luiz Francisco da Silva, de 53 anos, perdeu a filha Natália, de 25 anos, no trecho há dois anos. “Ela vinha do serviço e acabou atropelada”, conta ele, acrescentando que desde aquela época a população já reivindicava a passarela. O presidente da Associação de Moradores do Bairro Mota, Geraldo Vicente Pimenta, denuncia o descaso das autoridades: “Fica um jogo de empurra e ninguém resolve”.
Autoridades
Até o momento os manifestantes não foram recebidos por nenhuma autoridade. O Dnit está em greve. A assessoria de imprensa informou ontem que o órgão realizou duas reuniões com os moradores. Na primeira, instalou o redutor de velocidade e, na segunda, informou não dispor de verba para construir passarelas a curto prazo e que tentaria um acordo com a prefeitura, o que ainda não ocorreu.
Já a prefeitura informou ter entrado na Justiça com uma ação contra o Dnit, no fim de junho, exigindo a construção de uma passarela provisória em caráter emergencial. O órgão federal tem um projeto nesse sentido, que só seria contemplado com a duplicação da BR-040. Também no fim do mês passado, a prefeitura propôs às mineradoras que arquem com a despesa, em contrapartida ao grande fluxo na rodovia. Se a Justiça não for favorável, a prefeitura se compromete a assumir a construção da passarela, mas somente depois da decisão, ainda sem prazo determinado. (Com informações de Paula Sarapu)