Os rumores sobre uma possível greve dos funcionários do Hospital São João de Deus, em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, se concretizaram na manhã desta quarta-feira. Pelo menos 90 trabalhadores da instituição decidiram cruzar os braços. O principal motivo foi que a direção não aceitou o valor apresentado pela categoria para o tíquete alimentação. Para não prejudicar pacientes, líderes do movimento garantem que manterão 30% das atividades normais. A paralisação é por tempo indeterminado.
Enfermeiros, técnicos de enfermagem e todos os funcionários do setor administrativo do hospital estão insatisfeitos. Desde o final do mês passado eles tentam negociar com a direção o reajuste salarial de 7,21% e a troca da cesta básica, recebida mensalmente por todos os funcionários, pelo tíquete alimentação no valor de R$ 200. Na tarde de terça-feira, líderes do movimento e representantes da instituição estiveram na Delegacia Regional do Trabalho, em Belo Horizonte, para tentar um acordo. Segundo a presidente do Sindicato Profissional dos Enfermeiros e Empregados em Hospitais de Divinópolis (SINDEESS), Denísia Aparecida da Silva, as propostas apresentadas não foram aceitas pela categoria. “No caso do salário, eles já haviam dado o reajuste de 6%, ou seja, tiveram apenas que fazer um novo reajuste de 1,21%. Já o que mais nos indignou foi que a troca da cesta pelo tíquete sequer foi discutida. Eles simplesmente não nos deram uma solução”, diz.
Referência na área da saúde no Centro-Oeste de Minas, o Hospital São João de Deus atende pelo menos 55 municípios da região e acumula uma dívida de mais de R$ 80 milhões. Um Termo de Ajustamento de Conduta (TCA) está sendo analisado junto ao Ministério Público (MP). Em uma auditória realizada no hospital, o órgão encontrou várias irregularidades nas contas da instituição.
A justificativa da diretoria ao não concordar a troca da cesta pelo tíquete é justamente os problemas financeiros. Silva garante que os funcionários entendem que o hospital passa por dificuldade, mas isso não fará com que eles abram mão de seus direitos. Ela acrescenta ainda que a categoria não quer prejudicar pacientes e que serão mantidos 30% das atividades. “Vamos fazer tudo de acordo com o que determina a Lei. Os pacientes não ficarão desamparados”, declara.
A última greve dos funcionários do hospital foi em 2006 e durou 4 dias. A reportagem do em.com.br tentou contato com a direção do São João de Deus, no entanto, até o momento, ninguém da instituição quis esclarecer a situação.