A denúncia de violência sexual contra três mulheres na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) - que teria ocorrido durante a ocupação da Casa -, repercutiu nesta sexta-feira entre os vereadores. O assunto foi abordado pelos parlamentares, após uma das integrantes denunciar ter sido estuprada por outro participante do movimento. A acusação de uma das mulheres de que alguns dos acampados teriam tentado proteger os agressores e desqualificar o ocorrido foi tachada como “absurdo” no plenário. “Esse era o grupo que estava aqui defendendo a ética”, questionou o vereador Sérgio Fernando Pinho Tavares (PV). Ele foi acompanhado pelo colega de Legislativo, Joel Moreira (PTC), que também criticou a postura do grupo.
Já o vereador Adriano Ventura (PT) saiu em defesa dos manifestantes. Segundo ele, a decisão de ocupar pela segunda vez a Câmara não foi da Assembleia Popular Horizontal (APH) - que geralmente esteve à frente dos protestos na capital -, mas de um grupo isolado. Ventura disse ser contrário a violência e pediu que seus pares não classifiquem as ações denunciadas como sendo a atitude de todo o grupo. “Toda vez que dizem que todo político é corrupto, tenho certeza que não estão falando para nós aqui. Da mesma forma, precisamos separar as coisas”, ponderou.
Denúncia
As integrantes da ocupação – a segunda desde o início dos protestos que tomaram conta do país em junho – acusaram alguns dos acampados de proteger os agressores e de tentar desqualificar as denúncias e as vítimas. Nenhum participante do movimento na Câmara quis comentar as acusações. Eles divulgaram uma nota admitindo os casos de violência e dizendo que as mulheres do grupo chegaram a propor a expulsão dos agressores, o que não foi aceito pela maioria. Por causa dessa decisão, algumas abandonaram a ocupação.
De acordo com a titular da Delegacia de Mulheres, Elizabeth Freitas, uma das supostas vítimas registrou a queixa de estupro no plantão de ontem e já foi ouvida em cartório. “Um inquérito policial será aberto para apurar a denúncia. Ela cita o nome do suposto autor e relata que foi abusada dentro da Câmara Municipal de Belo Horizonte”, informou a policial. Outros relatos de supostos abusos, inclusive durante a primeira ocupação em junho, também foram motivo de comentários na rede.
Com informações de Alessandra Mello e Pedro Ferreira