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Estado de Minas

Cidades mineiras à espera de médicos

Juatuba e Mário Campos, na Região Metropolitana de BH, estão entre as cidades ignoradas por profissionais, mesmo com alta demanda


postado em 10/08/2013 06:00 / atualizado em 10/08/2013 07:14

Ao lado do marido, Antônio, e da enfermeira Danielle, Laurita aguarda novo doutor(foto: JOÃO MIRANDA/EM/D.A PRESS)
Ao lado do marido, Antônio, e da enfermeira Danielle, Laurita aguarda novo doutor (foto: JOÃO MIRANDA/EM/D.A PRESS)

Mário Campos, a apenas 42 quilômetros de BH, na região metropolitana, é um dos municípios com alta escassez de médicos não indicado por nenhum inscrito no programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde. A cidade pediu três para atuar em saúde da família. Atualmente, há três equipes, número que deveria ser dobrado, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. O maior desafio é atrair profissionais.

As equipes de saúde da família têm um médico generalista, um enfermeiro, um técnico de enfermagem e agentes comunitários de nível médio. “Os generalistas que temos atendem com sufoco. Ficam sobrecarregados. Com o dobro, teríamos uma situação ideal”, avalia a secretária de Saúde, Juliane Camargo Soares. Nem o salário de R$ 12 mil oferecido aos médicos de atenção básica resolve a carência. “Há municípios mais acessíveis. Para quem mora em BH, por exemplo, é cansativo pegar trânsito. Além disso, aqui é uma cidade pequena, não tem a mesma estrutura”, acredita.

A dificuldade fez com que as equipes só fossem formadas em março, quando chegaram dois bolsistas do Programa de Valorização dos Profissionais na Atenção Básica (Provab), federal também e com objetivos semelhantes ao Mais Médicos. Mesmo assim, o outro profissional, único que fazia parte da folha salarial do município, foi trabalhar em outra cidade com maior remuneração, relata Juliane. “Ficamos 15 dias insistindo até achar alguém”, conta. Nenhum médico que trabalha em Mário Campos morana cidade.

Nos atendimentos em saúde da família, o médico visita pacientes. “É importante criar um vínculo entre o profissional e o paciente. Ele conhece o histórico da família, é mais fácil fazer prevenção de doenças”, avalia Juliane.

A aposentada Laurita Maia Ribeiro, de 68 anos, era atendida pela médica que se demitiu em julho e ainda não começou a ser assistida pelo substituto, que assumiu na segunda-feira. “A outra era muito boa. Tinha carinho com a gente. Acaba criando uma amizade”, elogia. “Mas vocês também vão gostar do novo”, anima a enfermeira Danielle Perrini.

Sem surpresa

Juatuba também tem dificuldade para atrair médicos. O secretário de Saúde, Joanilson Santos Guimarães, não se surpreendeu ao saber que a cidade não havia sido indicada por nenhum inscrito. “Mesmo na região metropolitana, a preferência é pelos grandes centros. A distância acaba sendo um entrave”, afirma. Juatuba tem nove equipes de atenção básica que atuam em saúde da família e três são formadas por bolsistas do Provab, dois deles morando em BH. Para os contratados pelo município, o salário é de R$ 10.314.

Guimarães acredita que poderá ser difícil achar substitutos para os médicos do Provab em março, quando acaba o compromisso com o Ministério da Saúde. “Em abril, um médico se desligou e precisamos de dois meses para arrumar um substituto. Tenho receio de acontecer o mesmo no próximo ano”, lembra. Apesar disso, ele considera suficientes as atuais equipes de atenção básica. “Elas atendem toda a população”, alega.

A avaliação do secretário é refutada por Eduardo Seixas , de 31 anos, único médico do Provab que mora em Juatuba. “A cidade deveria ter, no mínimo, 15 equipes de atenção básica”, aponta. “Um dos médicos atende quatro mil famílias. Eu atendo 2,7 mil. Trabalhamos com um número muito grande de pessoas”, constata. Ele também se queixa da falta de profissionais especializados. “Só há um cardiologista, que só atende dois dias por semana. Faltam geriatras, endocrinologistas, entre outros. Tenho que encaminhar muitos pacientes para Betim”.

ESQUECIDOS


Municípios que não atraíram médicos

Açucena
Antônio Dias
Barão de Cocais
Bonfim
Braúnas
Comercinho
Cônego Marinho
Dionísio
Dom Cavati
Funilândia
Gameleiras
Iapu
Icaraí de Minas
Jaboticatubas
Jaguaraçu
Josenópolis
Juatuba
Mamonas
Mário Campos
Marliéria
Miravânia
Naque
Ninheira
Pai Pedro
Pingo D’água
Prudente de Morais
São João das Missões
São João do Oriente
São José da Varginha
Taquaraçu de Minas


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