Eles estão por todo lugar. Vagueiam pelas ruas ou se reúnem em grupos, muitos com as roupas sujas, os corpos magros, o olhar perdido. É possível notá-los da janela de casa, de dentro do carro, da mesa do bar. Mas, para muita gente, é como se fossem invisíveis: a aparência transtornada e o comportamento errante fazem de uma aproximação algo improvável. São usuários de crack, a droga que mais avança no país. A pedra que mais rapidamente provoca danos à saúde. Chegaram a ser chamados de zumbis, pelos hábitos noturnos e pela impressão de que suas histórias já foram apagadas. Não foram.
Veja mais fotos dos usuários nas ruas
Por seis meses, o Estado de Minas acompanhou a trajetória de 10 mineiros usuários de crack. São um retrato de como a droga, mistura barata de pasta-base de cocaína e bicarbonato de sódio, ainda atrai muitos brasileiros de renda mais baixa, mas não só eles. Wagner é dono de bancas de jornal
Desta segunda até quarta-feira, o EM mostra os altos e baixos do grupo, conta como o drama deles também vira tormento para as famílias e revela que, apesar do difícil caminho até a recuperação, a maioria ainda sonha com o dia em que vencerá o vício. Na primeira reportagem da série, as histórias de quatro mineiros para quem seis meses foram pouco tempo para sair das trevas.
1,3 milhão
É a estimativa de usuários de crack no Brasil, segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, de 2012. O número é subnotificado: leva em conta apenas quem tem residência fixa.