A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a série de assassinatos que ocorreram no Vale do Aço entre 2007 e 2013. As investigações apontaram que policiais estavam envolvidos na execução. Ao todo, 16 pessoas foram indiciadas pelos crimes, sendo seis policiais civis e três militares. Entre os crimes apurados estão as mortes dos jornalistas Rodrigo Neto, de 38 anos, e Walgney Carvalho, de 43, que aconteceram em Ipatinga e Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, no início do ano. Os delegados pediram a conversão da prisão provisória do pistoleiro Alessandro Neves Augusto, o “Pitote”, de 31, e o policial civil Lúcio Lírio Leal, de 22, acusados pelos homicídios, para prisão preventiva.
Os crimes começaram a ser investigados após a morte do jornalista Rodrigo Neto. Ele foi morto a tiros em março no Bairro Canaã, em Ipatinga. Neto vinha denunciado em seu programa de rádio o envolvimento de integrantes das forças de segurança pública em crimes ocorridos na região. De acordo com colegas de trabalho, Rodrigou ampliou a pressão para apuração dos casos quando voltou a trabalhar no Jornal Vale do Aço, e começou a revelar mais mortes com suspeitas de participação do mesmo grupo de matadores. O repórter preparava um dossiê tido como bombástico, relacionando mais crimes e o envolvimento de policiais em chacinas e assassinatos ocorridos no Vale do Aço.
Na primeira semana de abril, o fotógrafo freelancer do Jornal Vale do Aço também foi assassinado. Walgney Carvalho, que trabalhava nas apurações dos casos e tinha relacionamento profissional e pessoal com policiais e peritos do Instituto de Criminalística, foi executado a tiros dentro de um pesque-pague que costumava frequentar em Coronel Fabriciano, na Região do Rio Doce. Um homem encapuzado chegou na garupa de uma moto, armado e atirou três vezes à queima-roupa contra a vítima.
As investigações apontaram que Alessandro Neves ficou sabendo que o fotógrafo estava comentando informações sobre a morte do repórter e acabou armando também a morte dele, uma queima de arquivo. O exame pericial de balística comprovou que o assassino usou a mesma arma nos dois crimes. O investigador Lúcio Leal teria o ajudado nas duas execuções.
Uma força-tarefa com delegados e corregedores da cidade e de Belo Horizonte foi instituída, em abril deste ano, para investigar 12 de crimes com suspeitas de participação de policiais, que aconteceram entre 2007 e 2013. Nos inquéritos, a polícia indiciou 16 pessoas por homicídio. Pelo menos nove indiciados são policiais, sendo três militares e seis civis.