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Estado de Minas

Obras de conjuntos habitacionais na capital infernizam a vida de moradores

Vizinhos do Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul de BH, reclamam de barulho, poeira e tráfego pesado


postado em 15/08/2013 06:00 / atualizado em 15/08/2013 07:02

Pó levantado por máquinas invade casas da Rua João Evangelista Pinheiro(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Pó levantado por máquinas invade casas da Rua João Evangelista Pinheiro (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

As camadas de poeira laranja que se acumulam com a passagem de veículos pesados, vindos dos acessos do canteiro de obras do Programa de Urbanização e de Reassentamentos Sociais Vila Viva, da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), deixam imundas as ruas Levy Pereira Coelho, Emilio Pereira de Barros, Crúcis, Plêiades e o Hospital São Francisco, no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul da capital. Como resultado da passagem de carros e do vento, o pó invade casas e atormenta a vida da vizinhança, que reclama que nenhuma medida paliativa tem sido tomada, como a lavagem das vias, uma praxe adotada nesse tipo de situação.

Esse é tido por moradores como um dos mais graves impactos das intervenções no bairro e que deixou “em pé de guerra” quem vive na região e os responsáveis pela construção. Os vizinhos reclamam ainda que as obras começam de madrugada e só terminam altas horas da noite, infernizando todos com o ruído do maquinário e os berros dos operários. O tráfego de caminhões e máquinas pesadas por vias pequenas, onde a circulação não deveria ocorrer, segundo acordo com a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), não estaria sendo cumprido, o que impede acessos a garagens e estacionamento de moradores.


No local, a reportagem do Estado de Minas constatou ontem que os mais graves impactos recaem sobre a Rua Levy Pereira Coelho. A via estava completamente coberta de poeira. Três bocas de lobo que recebem água das chuvas estavam repletas de terra, entulho, pedras, tocos de madeira e torrões de solo que escorreram do canteiro de obras ou caíram dos caminhões.

A grelha de um desses dutos de drenagem estava deslocada, segundo moradores pelo tráfego intenso de veículos de carga, o que permitia que mais detritos entrassem diretamente no mecanismo. Risco de entupimento e de trasbordamento em caso de chuvas neste ou em outro ponto onde o material carreado pode se acumular. Um bueiro de acesso a uma galeria subterrânea que passa pela rua também recebe diariamente a terra e as pedras que caem dos caminhões.

No Hospital São Francisco, acompanhantes de pacientes reclamavam da poeira que entra, vinda do movimento intenso, como o registrado na Rua Crúcis ontem.

Problemas mais graves estão na Rua Levy Pereira Coelho, coberta de terra(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Problemas mais graves estão na Rua Levy Pereira Coelho, coberta de terra (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
SUJEIRA Os conflitos entre a vizinhança e os planos da PBH começaram com a iniciativa de implantar um conjunto de edifícios populares em meio a uma das áreas mais valorizadas da capital. Vencida essa etapa e confirmada a implantação do empreendimento, a rusga da vez se dá por conta de tantos impactos que seriam evitáveis, de acordo com os moradores. “Já contamos a passagem de mais de 60 caminhões por dia nessas ruas. Fomos até a Urbel e nos garantiram que os caminhões não poderiam mais passar por lá, porque as nossas ruas não comportam. Achamos que isso iria resolver, mas os veículos continuam a passar por aqui”, reclama a empresária Júnia Lamaita, de 42 anos, que mora há 13 anos numa casa quase em frente ao canteiro de obras.

Segundo ela, os operários não usam água para limpar a rua e a poeira invade as casas, cobre móveis, paredes e veículos. “Você acaba de limpar uma mesa daquele pó laranja e daí a pouco já dá para escrever seu nome com a ponta dos dedos”, afirma a empresária. Ela conta que muitos vizinhos não conseguem retirar os carros das garagens dependendo do número de caminhões que ocupam a área.

O que mais atormenta a comerciante Izabella Muzzy, de 31 anos, é o fato de as máquinas começarem a trabalhar de madrugada. “A gente acorda e não consegue dormir. Ficam as máquinas fazendo barulho sem parar,além da gritaria. Como o terreno está vazio, vemos gente à noite roubando material de construção e isso trouxe insegurança para nós”, disse Muzzy.

Urbel explica os impactos

A Urbel informa que as obras de urbanização Vila Viva do Aglomerado Santa Lúcia são para melhorar as condições de vida da população de baixa renda, com impactos positivos nos bairros do entorno. “No momento, está sendo realizada a terraplenagem do terreno e o início das fundações para a edificação de 488 apartamentos destinados a famílias que serão removidas de áreas de risco de deslizamento, de acidentes elétricos ou de trechos contemplados com obras”, informa em nota.

A Urbel admite ter recebido “algumas reclamações individuais de moradores da Rua Levi Pereira Coelho sobre o tráfego de caminhões” e que desde a segunda-feira boa parte dos veículos foi desviada para a Rua Guilherme Manoel Roscoe, que dá acesso à Rua Plêiades. A Urbel acrescenta que já solicitou à empreiteira responsável a melhoria da sinalização da via, durante o tráfego de caminhões e está tomando providências para minimizar, ao máximo, transtornos que obras deste porte causam.


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