Apenas os radares, entretanto, não são suficientes para reduzir acidentes em estradas como a BR-381, no trecho entre Belo Horizonte e João Monlevade, que não tem áreas de escape, proteções e barreiras físicas para diminuir danos das batidas.
Para ter uma ideia do desempenho esperado pelos aparelhos de medição de velocidade num trecho que passou a ser monitorado, entre 2009 e 2010, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) verificou que depois da instalação de 95 radares nas rodovias sob sua jurisdição houve queda de 35% nas ocorrências de acidentes e de 32,11% na de vítimas. “O que o DER-MG conquistou é o que se percebe em rodovias concedidas (à iniciativa privada). Para conseguir índices assim, além dos radares, é preciso melhorias na pista, sinalização, equipamentos de segurança e fiscalização”, avalia o engenheiro civil Silvestre de Andrade Puty Filho, consultor em transporte e trânsito.
Obras consideradas mais eficientes na prevenção de acidentes custaram dezenas de vezes mais, como a ampliação da Rodovia da Morte, a BR-381, sentido Governador Valadares, estimada em R$ 4 bilhões e que ainda não tem prazo certo de início, duplicação dos 100 quilômetros da BR-262 (Triângulo), aberta em 2011 a R$ 400 milhões, ou dos menos de 50 quilômetros duplicados da BR-040, entre Sete Lagoas e o trevo de Curvelo, que chegaram a R$ 200 milhões em 2009.
ROTINA DE ABUSOS
A reportagem do Estado de Minas percorreu a BR-381, no sentido João Monlevade, para mostrar como abusos praticados por motoristas persistem mesmo num trecho de 100 quilômetros monitorado por 18 radares, média de um aparelho a cada 5,6 quilômetros. Uma das curvas mais perigosas fica no km 430, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e é conhecida dos serviços de resgate e policiamento pelos repetidos capotamentos, tombamentos e batidas de frente causadas por saídas de pista. A placa de sinalização que fica quase dois quilômetros antes indica a presença do radar e o limite máximo de 80 km/h. Contudo, por volta das 10h de ontem, de 39 veículos monitorados por radar, 18 (46%) aceleraram mais do que o permitido, alguns carros de passeio e caminhões batendo de 95km/h a 97km/h.
O porta-voz da PRF, inspetor Aristides Amaral Júnior, considera que não foram só os radares que tiveram influência na redução dos acidentes. “O grande mérito é dos motoristas. Lógico que o radar teve influência, mas teve também o esforço de policiamento e dos motoristas. Mesmo reduzir pouco, com a frota aumentando, é muito bom, ainda que estejamos em patamares muito altos”, considera.
O Dnit foi procurado para avaliar e repassar os dados de multas dos radares no primeiro ano de funcionamento e apresentar o valor arrecadado com as multas eletrônicas, mas mesmo com oito dias de insistência nenhum dado foi apresentado. Os funcionários do órgão estão em greve.