Gladyston foi agredido pelos dois seguranças quando fazia a cobertura do primeiro dia de jogos da 9ª Copa Minas para o Estado de Minas. Não existe qualquer explicação para a atitude dos dois seguranças, que tentaram tomar a câmera do profissional e ainda o jogaram no chão, sendo que o profissional teve um corte na mão direita, e ainda escoriações nas costas, no Minas Tênis.
Gladyston precisou de atendimento médico, tendo sido levado para o Hospital Mater Dei, onde passou por exames e ficou constatada uma pequena fratura numa das vértebras, sendo necessária a realização de exames de ressonância, ontem, para a confirmação do diagnóstico. Ele ficará afastado de suas funções por pelo menos 10 dias.
Notas
O Minas Tênis soltou ontem nota oficial sobre o incidente, assinada por Eduardo Mineiro, assessor de comunicação do clube: “O MTC gostaria de prestar os seguintes esclarecimentos sobre os fatos ocorridos na tarde desta quinta-feira (15/8), durante a realização da Copa Minas Tênis Clube de Vôlei. O clube considera a imprensa como um grande parceiro, sempre esteve aberto para atender aos veículos de comunicação e lamenta o incidente envolvendo os seguranças particulares da atleta do Flamengo e a imprensa local, ocorrido na portaria da Rua Antônio de Albuquerque. É importante destacar que a Copa Minas acontece em várias modalidades e, em todas as edições, o clube sempre esteve aberto e receptivo à presença da imprensa. O Minas Tênis Clube se coloca à disposição para qualquer esclarecimento que se fizer necessário. O Flamengo também se pronunciou, afirmando que o segurança não é contratado do clube, o que não impede que preste serviços ao mesmo. A posição do clube em relação ao incidente ocorrido é a de que não existe vínculo contratual ou financeiro algum entre a Sasha e o Flamengo. Esse vínculo é apenas federativo. Em relação ao segurança que supostamente (sic) teria agredido um jornalista, ele não é funcionário do clube”.
Os famosos e a difícil relação com a mídia (Por Benny Cohen)
A agressão sofrida pelo repórter fotográfico Gladyston Rodrigues, do Estado de Minas reacende a discussão sobre a liberdade de imprensa, o direito de imagem e a relação com famosos.
Há sempre alguém pronto pra dizer que a filha da Xuxa jogando vôlei não é notícia, e que, portanto, o incidente poderia ter sido evitado. Sejamos pragmáticos: a imprensa, desde que surgiu, se dedica a cobrir os famosos. São notícias de interesse do público e uma fatia grande da população gosta de saber o que acontece com seus ídolos.
Xuxa alegou direito de imagem para querer proibir fotos de Sasha. O pedido é descabido. A menina, de 14 anos, é atleta do Flamengo e filha de uma das mais famosas pessoas do Brasil. Não estava em situação constrangedora nem humilhante, não há objeção na lei ou no Estatuto da Criança, ela pode ser retratada. Pense bem: a partida não pode ser fotografada ou gravada quando ela está em quadra? Se a equipe for campeã, não vamos ter a clássica foto das atletas comemorando? Ou vamos, mas sem ela? Caso Sasha se torne uma boa jogadora e dispute a Superliga ou seja convocada para a Seleção Brasileira, o jogo não poderá ser transmitido pela TV? Oras...
A relação da imprensa com os famosos sempre foi difícil. E ficou pior à medida que o avanço da tecnologia e o surgimento de novas mídias aumentaram a exposição geral. Por isso é que uma vez famoso, sempre famoso. Não há como o famoso ser duas pessoas: a famosa, quando a ele convém, e uma outra, desconhecida, quando não quer ser importunado. Claro que o famoso tem direito a privacidade em certas situações – dentro de casa, por exemplo. Mas em lugares públicos, é complicado. Xuxa veio a BH para acompanhar os jogos de Sasha. Trata-se de uma grande oportunidade para uma reportagem: a apresentadora infantil mais conhecida do Brasil sai da tela da TV e se senta na arquibancada como qualquer pessoa comum para torcer pela filha. É uma matéria que, inclusive, ajuda a humanizar quem é um mito para milhões de crianças e adultos. Xuxa alegou pela assessora de imprensa dela, depois da agressão ao jornalista, que estava em BH como mãe, não como apresentadora de TV. Como se fosse possível desvincular uma da outra.
CACHORRO É intrigante também a (falta de) atitude do Minas Tênis Clube, que não se preparou de forma adequada para atender os jornalistas e resguardar Xuxa e Sasha até onde fosse possível. O que se viu foi uma atuação tímida, quase ausente, da assessoria de imprensa, que culminou em uma nota em que lamenta o episódio e nada mais. Soa estranho uma instituição da grandeza do MTC, com centenas de seguranças contratados, ter aceitado que Xuxa e a filha botassem dois brutamontes dentro das dependências do clube para uma função que ele próprio poderia fazer e, mais grave, deixado que a agressão a um profissional no trabalho acontecesse durante o evento. Pior: Xuxa trouxe a cadelinha yorkshire dela, um direito que nenhum dos 72 mil sócios do Minas tem – levar o animal de estimação ao clube.