Além de ter de vencer a desconfiança de colegas e passar por exigentes exames de revalidação do diploma, médicos brasileiros formados no exterior podem gastar bastante dinheiro para ter o direito de trabalhar no país
“Não é justo que paguemos valores tão altos”, conta Daniele do Amaral Silva, de 31 anosMoradora de Belo Horizonte, ela cursou medicina em CubaDe volta ao Brasil, em 2011 inscreveu-se no Revalida e nas universidades federais de Mato Grosso, Ceará e Minas, na qual concluiu o processo“A dificuldade financeira foi o maior obstáculo para eu conseguir revalidarContei com a ajuda de familiaresNo total, gastei uns R$ 15 mil, incluindo custos com hospedagem e passagens de avião”, estima
Luciano Dias, de 26, tornou-se médico na Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, no Peru, e teve o diploma ratificado pela UFMG em 2011Também se inscreveu no Revalida e na UFMT“Gastei mais de R$ 10 milSó com a UFMG devo ter desembolsado uns R$ 4,5 mil, contando com passagens de avião e tudo o mais”, estima“São valores excessivosAparentemente, isso se tornou uma forma de comércio, de arrecadação de recursos”, criticaEle também defende que médicos formados no Brasil passem pelo processo“Deveria haver a mesma regra para todosNo país, também há faculdades que dão uma péssima formação”, argumenta.
DESCONFIANÇA Em Lima, o curso “foi excelente”, na avaliação de LucianoNa volta à terra natal, porém, notou que graduados no exterior eram alvos de desconfiança
O presidente da Comissão Permanente de Revalidação de Diploma de Médico Obtido no Estrangeiro da UFMG, professor André Cabral, lembra que parte dos candidatos preencheu critérios socioeconômicos especificados no edital e obteve isenção parcial ou total da taxa de inscriçãoEle contesta a afirmação de que o preço cobrado seja excessivo“Esse valor foi determinado pelo Conselho Universitário, com base no cálculo estimado dos custos”, apontaO processo dura o ano inteiro, ressalta Cabral