Jornal Estado de Minas

Projeto de valorização do patrimônio terá oficinas em Belo Horizonte e Brumadinho

Participantes vão montar maquetes de dois bens tombados em Minas Gerais

Gustavo Werneck
Maquete da sede do Minas Tênis Clube, em BH, e da Matriz de Nossa Senhora da Piedade, em Piedade do Paraopeba: os dois bens tombados fazem parte do projeto Conhecer para cuidar, que terá oficinas nas duas cidades - Foto: Asas Produções/Divulgação


Valorização da cultura, envolvimento da comunidade, preservação da memória e fortalecimento da educação patrimonialCom essa filosofia, será lançado amanhã, em BH, o projeto Conhecer para cuidar, que terá oficinas na capital e no distrito colonial de Piedade do Paraopeba, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo HorizonteDurante as atividades, os participantes vão confeccionar e montar maquetes de dois bens tombados no estado: a sede social do Minas Tênis Clube, datada de 1940 e localizada na Rua da Bahia, 2.244, no Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul de BH, e a Matriz de Nossa Senhora da Piedade, de 1713, no município vizinho

Nas duas cidades, a primeira edição do Conhecer para cuidar terá quatro dias de atividades, com palestras e oficinas de montagem – na capital, a partir de amanhã, às 8h, até sexta-feira, na sala multiuso do Minas Tênis, e em Piedade do Paraopeba, de 27 a 30 deste mês, em frente à igreja“A frase de Santo Agostinho – ‘Amamos o que conhecemos’ – traduz bem a essência do trabalhoTrata-se de uma iniciativa inovadora para despertar na sociedade o senso de preservação da memória de Minas”, explica Fernanda Campos, gerente operacional da Asas Produções, responsável pelo projeto, que tem apoio de empresas, via lei estadual de incentivo à cultura.

Na abertura do evento, haverá palestra sobre educação patrimonial, ministrada pela arquiteta Isabela Vecci e dirigida a gestores públicos, representantes políticos, lideranças da área privada, arquitetos, educadores e profissionais ligados à culturaA especialista vai falar sobre experiências no país e no mundo e juntar informações técnicas, arquitetônicas e históricas a respeito dos patrimônios escolhidos

A expectativa é atingir, direta e indiretamente, mais de 4 mil pessoas nos dois municípios, com atividades gratuitasDessa forma, o projeto será ambientado numa carreta, que funciona como unidade móvel de eventos e tem 12 metros de palco, que se transforma em auditório climatizado de 90 metros quadradosNesse espaço serão realizadas oito oficinas por dia, cada uma delas com duração de 90 minutos e vaga para 25 participantesEscolas públicas e particulares já estão inscritas no projeto e outros interessados podem fazer contato pelo e-mail asas@asasproducoes.com.br
Fernanda adianta que a segunda edição do projeto está em fase de captação de recursos para ser levada a outras cidades mineiras

AGENTE “Ao proporcionar a interação com o patrimônio, estamos criando uma ligação direta entre o cidadão e um bem da cidadeQuem passa por essa vivência, dificilmente vai olhar para aquela edificação com indiferença e, possivelmente, será mais um agente de preservação”, acredita o diretor-presidente da Asas, Marcus FerreiraO Conhecer para cuidar usa o conceito paper-toy ou maquetes de papel em miniatura, em três dimensõesNa elaboração do projeto foram pesquisados, nos órgãos de proteção do patrimônio, desenhos, plantas e croquis dos bens escolhidos, além de verificação in loco para manter a fidelidade em relação à construção original

“A proposta é promover a educação patrimonial dentro de uma iniciativa lúdica, com a montagem de maquetes, facilitando a comunicação com os públicos de interesse: crianças, jovens e adultos”, afirma Marcus, lembrando que a comunidade representa a história viva do patrimônio, e, por isso, vai auxiliar os participantes na montagem das maquetes“Convidar moradores para se integrarem à iniciativa permite aos participantes conhecer não apenas o contexto oficial ou físico do patrimônio, como também histórias pitorescas, causos e registros pessoais.”

A iniciativa dos mineiros será realizada ainda no Rio de Janeiro – onde serão representados o Estádio do Maracanã, a Fazenda do Engenho Novo, de São Gonçalo, e o Centro Ferroviário de Cultura Guilherme Nogueira, no distrito de Rocha Leão, em Rio das Ostras – e em São Paulo, contemplando o Teatro Erotides Campos, em Piracicaba.

RECONHECIMENTO
Projetada pelo arquiteto italiano Raffaello Berti (1900-1972), a sede social do Minas Tênis Clube tem estilo art décoSegundo Marcus Ferreira, “o Minas, além de tradicional complexo de lazer dos belo-horizontinos, é reconhecido internacionalmente por sua competência na promoção de diversas modalidades esportivas e na formação de grandes atletas brasileirosRecentemente, a sede do clube passou por uma grande reforma, abriu um teatro e incrementou seus equipamentos culturaisUm bom momento para lembrar a sua trajetória e festejar a sua existência”
Já a Matriz de Nossa Senhora da Piedade foi indicada para integrar o projeto pela sua importância e três séculos de história completados este ano