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Estado de Minas

Acusados por morte de dançarino serão julgados 11 anos após crime

O assassinato de Igor Leonardo Lacerda Xavier aconteceu em 2002. O autor dos disparos confessou que cometeu o homicídio porque a vítima assediou o seu filho


postado em 19/08/2013 16:22 / atualizado em 19/08/2013 21:40

Um assassinato que aconteceu em 2002, em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, finalmente deve ser julgado. O bailarino Igor Leonardo Lacerda Xavier, que tinha na época 29 anos, foi morto a tiros em uma casa da cidade. O motivo do crime seria homofobia. O autor dos disparos confessou que cometeu o homicídio porque a vítima assediou o seu filho. O julgamento, que já foi adiado três vezes, está marcado para a terça-feira da próxima semana, às 8h30, no Fórum Lafayete.

De acordo com as investigações, Igor se encontrou com o zootecnista Ricardo Athayde Vasconcelos em um bar, na noite do crime. Após uma conversa, os dois saíram do local e foram para a casa do fazendeiro. Ricardo contou, em depoimento, que foi ao banheiro e, quando voltou, flagrou o bailarino abraçado com do seu filho, Diego Rodrigues Athayde. Neste momento, o zootecnista sacou uma pistola 380 e um revólver calibre 38 e atirou contra a vítima.

A perícia constatou que Igor recebeu cinco tiros, sendo um à queima-roupa na nuca. Depois do crime, Ricardo pediu ajuda de um parente e fugiu do local. Depois, retornou ao local e, junto com Diego, retirou o corpo do imóvel. O cadáver foi encontrado na manhã seguinte em uma estrada que liga Montes Claros a São João da Vereda. Durante as investigações, o fazendeiro disse que atirou acidentalmente.

Desde a época do crime o julgamento já foi adiado três vezes. O processo corria na comarca de Montes Claros, mas acabou sendo transferido para Belo Horizonte. A mãe de Igor, a aposentada Marlene Gomes Lacerda Xavier, de 66 anos, afirma que a mudança atrasou ainda mais o andamento do processo. “Na época da transferência, fui até o fórum e me disseram que o processo seria transferido para Belo Horizonte por minha causa. Pois fazíamos manifestações na cidade sobre o caso e o juiz afirmou que o clamor iria influenciar a decisão dos jurados. Eu perdi meu filho e acho que não tenho que ficar calada por causa disso. Eu só fiz o meu papel”, desabafa.

Ricardo Athayde Vasconcelos chegou a confessar o crime em depoimento(foto: Arquivo EM/Christiano Lorenzato/Sucursal Norte - 06/02/2002 )
Ricardo Athayde Vasconcelos chegou a confessar o crime em depoimento (foto: Arquivo EM/Christiano Lorenzato/Sucursal Norte - 06/02/2002 )


A aposentada acredita que o julgamento pode ser adiado novamente pela defesa dos réus. “Vamos aguardar para ver se vai acontecer. Não sabemos o que o outro lado está trabalhando. Sabemos que podem entrar com mais um recurso que vai atrasar ainda mais o andamento do processo”, disse.

Após a morte do filho, a aposentada criou uma associação, chamada de Igor Vive, para divulgar o caso e fazer trabalhos sociais na comunidade carente de Montes Claros. “Isso nos dá um certo conforto e alivia mais a tensão”, conta. Segundo a aposentada, os autores do crime chegaram ser presos, mas estão em liberdade. 

Julgamento como exemplo

A mãe da vítima espera que os réus sejam condenados e que a punicação sirva de exemplo para outros casos. “Meu filho não vai voltar, mas queremos deixar isso como exemplo. Aconteceu o crime, sendo homofóbico ou não tem que ter punição. A Justiça tem que tirar a venda dos olhos”, afirma.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) afirmou que não tem como saber se é o primeiro caso julgamento por homofobia já que o ato ainda não foi criminalizado.


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