A pedido da reportagem do Estado de Minas, Jade Raquel fez ontem um pré-teste da PNS na casa da socióloga aposentada Júnia Amorim de Castro Calazans, de 67 anos, moradora do Bairro Cruzeiro. Portadora de insuficiência cardíaca, com pressão controlada por remédios, a aposentada recebeu com simpatia a técnica do IBGE, que explicou ser necessário repetir cada procedimento por três vezes. Nas duas primeiras, a pressão revelou-se 13 por 8. Na terceira vez, já estava ligeiramente aumentada para 14 por 9. “Não é o meu caso, mas acho que vai ser mais fácil o homem revelar o peso do que a mulher”, brincou a aposentada.
Depois de medir a pressão, foi a vez de medir a altura, peso, circunferência da cintura e índice de massa corporal, por meio de aparelhos digitais fornecidos pelo IBGE. “Nossa balança é calibrada todos os dias, mas existe uma margem de erro de 300 gramas. Se alguém reclamar, somos orientados a trocar o equipamento”, afirma a técnica do IBGE, que no momento da pesagem deveria ainda esclarecer no questionário se a entrevistada estava com vontade de ir ao banheiro, grávida, se havia feito exercícios naquele dia e outros itens capazes de interferir na aferição do peso. Questões como ter ou não convênio de saúde, apresentar doenças crônicas e deficiências, prática de exercícios, ser ou não fumante, visitas da equipe de saúde da família e frequência no SUS estão previstas no relatório.
“Na minha opinião, é preciso humanizar o atendimento do SUS e reduzir as filas”, critica Jade Raquel, que também é estudante de direito. Apesar de não ter caráter universal, como o censo, a Pesquisa Nacional de Saúde quer conhecer, por amostragem, a saúde e o estilo de vida da população brasileira. Segundo Maria das Graças Oliveira Souza, coordenadora estadual da PNS, a confidencialidade dos dados é garantida pela lei do sigilo da informação estatística (Lei nº 5534).
Os entrevistadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já estão em campo, desde ontem, para uma nova coleta de dados: a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), uma espécie de Censo da Saúde. Em Minas Gerais, a equipe treinada pelo IBGE terá de se desdobrar para atingir 4.901 domicílios até outubro, convencendo o chefe da família a se pesar, medir altura e pressão, bem como a circunferência da cintura, além de responder a extenso questionário. “Sei que algumas pessoas podem não se sentir muito confortáveis, mas é importante colaborar porque a pesquisa vai avaliar, pela primeira vez, como está a saúde dos brasileiros e como anda o funcionamento do SUS”, explica a entrevistadora Jade Raquel.