Jornal Estado de Minas

PBH diz que estacionamentos das igrejas São José e Sagrado Coração de Jesus são irregulares

Arquidiocese não decidiu se recorre contra reintegração de posse na Boa Viagem. PBH diz ser irregular serviço em outras duas igrejas

Tiago de Holanda
Placas de avisos e um trailer voltaram ontem à entrada do estacionamento da igreja, no Bairro Funcionários - Foto: Jair Amaral/EM/DA Press


O estacionamento da Catedral da Boa Viagem, no Bairro Funcionários, na capital, foi reaberto ontemA Justiça havia ordenado em março, em liminar, que a prefeitura renovasse o alvará de licença e funcionamentoAgora, a empresa responsável pelo serviço conseguiu outra liminar, determinando a reintegração de posse do local, já que o contrato havia sido rescindido pela Arquidiocese de Belo Horizonte, que não sabe se recorrerá da decisãoSegundo a PBH, são irregulares os estacionamentos nas igrejas São José e do Sagrado Coração de Jesus.

A reabertura do estacionamento é mais um capítulo de uma disputa judicial iniciada em fevereiro, quando a PBH se negou a revalidar o alvará, alegando que a presença de veículos no entorno do templo, tombado peloIepha, tornava a edificação menos visívelA empresa Contapark, que explora o estacionamento, ajuizou ação cautelar, pedindo a concessão da licença, e foi atendida em março pelo juiz Adriano de Mesquita Carneiro, da 5ª Vara de Fazenda Pública Estadual.

O magistrado alegou que, quando o primeiro alvará foi concedido, em 2003, a igreja já era tombadaAlém disso, “eventuais prejuízos à visibilidade” do imóvel não resultam, necessariamente, em danos à sua estrutura, segundo o juizEle disse que o contrato firmado prevê o repasse de verbas à paróquia, o que tornaria a atividade “salutar”, já que o dinheiro poderia ser usado para a conservação do patrimônio e para obras sociais do templo.

ALVARÁ A prefeitura renovou o alvará, mas a arquidiocese impediu a Contapark de reiniciar o serviçoO contrato de locação previa como infração a inexistência da licença para funcionamento e, quando o município se recusava a revalidá-la, a arquidiocese acabou desfazendo o acordoA Contapark moveu ação de reintegração, concedida no dia 6 deste mês, em caráter liminar, pelo juiz Sebastião Pereira dos Santos Neto, pela 2ª Vara Cível da capital.

A PBH rentrou com recurso contra a liminar concedida em março, ainda não julgadoNa ação contra a PBH, a Contapark também pede indenização“A prefeitura se negou a renovar o alvará, apesar de termos cumprido todas as exigências
Foi um ato arbitrário”, diz o advogado da empresa, Nelson ValenzuelaA ação ajuizada contra a arquidiocese propõe que, após o término do contrato, em maio de 2014, o estacionamento possa funcionar por cinco meses, tempo em que ficou interditadoNenhum pedido foi julgado até agoraSegundo a arquidiocese, o setor jurídico estuda o que deve ser feitoEla é contrária à manutenção do estacionamento e concorda com as alegações dos órgãos de proteção.

Segundo pároco da catedral, padre Marcelo Carlos da Silva, o estacionamento rende R$ 10,6 mil por mês, à igreja, repassados à Fundação das Obras Sociais da paróquiaEle afirma que, durante o tempo em que o serviço ficou parado, o valor destinado às obras sociais não foi reduzido.

IRREGULARES Os estacionamentos das igrejas de São José e do Sagrado Coração de Jesus funcionam irregularmente, segundo o diretor de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura, Carlos Henrique Bicalho“Em 2011, a São José apresentou um plano diretor e uma das condicionantes impostas pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural foi a retirada do estacionamento”, acrescentaJá a Sagrado Coração de Jesus vem sendo notificada há sete anosOs dois casos são analisados pelo Ministério Público A arquidiocese informa que nada foi feito para acabar com os estacionamentos das duas igrejas.