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Estado de Minas

Manutenção aumentou o risco no Anel Rodoviário de BH

Fresagem para eliminar ondulações na pista não é seguida de asfaltamento e vira nova armadilha para usuários da rodovia, por onde trafegam mais de 150 mil veículos ao dia


postado em 21/08/2013 06:00 / atualizado em 21/08/2013 06:43

Além da ameaça de acidentes, serviço deixado pela metade devido a atrasos de pagamento pelo Dnit provoca risco de projeção de cascalho(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Além da ameaça de acidentes, serviço deixado pela metade devido a atrasos de pagamento pelo Dnit provoca risco de projeção de cascalho (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

 

Não bastassem os constantes congestionamentos, a revitalização repetidamente adiada e o risco de acidentes em um corredor pelo qual transitam cerca de 154 mil veículos por dia, grande parte deles de carga, quem trafega pelo Anel Rodoviário de Belo Horizonte agora tem que conviver com a ameaça provocada por obras que deveriam melhorar a segurança. Em pelo menos quatro pontos da rodovia, em trecho com altos índices de desastres, entre os bairros Olhos D’água, na Região do Barreiro, e Betânia, Oeste da capital, as condições do asfalto representam risco iminente, principalmente para motociclistas, segundo a própria Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e especialistas.

A empresa que faz a manutenção do percurso começou o serviço de fresagem, que consiste na retirada da camada asfáltica com problemas, mas não houve nova pavimentação. Com isso, os degraus formados pela fresagem parcial tornaram-se perigosos, especialmente para usuários de motos – mas não apenas para eles, já que um acidente em uma via tão movimentada tem consequências imprevisíveis. A situação dá indícios de que, enquanto a reforma definitiva do Anel caminha a passos lentos, os serviços de manutenção básica também enfrentam problemas, especialmente diante da greve dos servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), autarquia responsável pela rodovia.

O problema pode ser facilmente observado na descida do Bairro Betânia, em dois pontos. O primeiro fica perto do radar eletrônico e o segundo, logo abaixo, ao lado do trevo de acesso ao bairro. Em ambos, a parte retirada de asfalto fica na faixa da direita, devido a ondulações na pista que normalmente é ocupada por veículos pesados. Porém, depois da retirada da camada – que já estava provocando instabilidade até para os caminhões maiores –, o asfalto não foi reconstituído e se transformou em nova armadilha. O problema já se arrasta por mais de 30 dias e se repete na pista contrária (sentido Rio de Janeiro), em outros dois pontos. Porém, nesse caso a situação ocorre tanto na faixa da direita quanto na pista central.

Chuva de britas

O motoboy Sidney Augusto Ferreira, de 32 anos, passa pelo trecho pelo menos oito vezes ao dia, pois trabalha com entregas para uma drogaria que tem duas unidades no Anel Rodoviário. “O pneu da moto é muito fino e fica difícil controlar quando a gente trafega por essa área. Já passei aperto na descida uma vez e achei que ia perder o controle da moto. Por sorte, consegui segurar”, conta ele. O motociclista também se queixa da projeção de cascalho, comum nos locais em que houve retirada do asfalto. “Já tomei pedrada na canela por causa dessa situação”, conta ele.

O caminhoneiro Antônio Paulo Nunes, de 53, acrescenta que muitas pessoas que não conhecem o trecho acabam se assustando quando se deparam com as falhas. “O motorista pisa no freio bruscamente, achando que vai encontrar algum problema mais grave. Quem conhece, não imagina que alguém na frente vá diminuir, o que aumenta a possibilidade de acidentes – ainda mais na descida do Betânia”, diz Nunes.

Segundo o tenente Geraldo Donizete, da PMRv, responsável pelo policiamento no Anel, a empresa que faz a conservação do trecho começou a fresagem nos pontos que necessitavam de manutenção, mas agora está aguardando a liberação de recursos para continuar o trabalho. Como o Dnit está em greve, o procedimento ocorre de forma lenta. “De fato, o tráfego para as motocicletas fica mais perigoso, devido à espessura do pneu. O fato de os motoristas reduzirem a velocidade também pode causar acidentes”, explica o militar. Para o técnico em pavimentação Marcelo de Souza, além dos transtornos, a demora na colocação de nova camada de asfalto pode causar estragos mais graves, o que tornaria o serviço de reparo bem mais complicado. “Se começar a chover, os buracos podem se formar na base e aí a demanda é bem maior”, diz ele.

 

 

O chefe do serviço de Engenharia do Dnit em Minas Gerais, Alexandre de Oliveira, reconhece que as empresas que prestam serviços de manutenção estão trabalhando em ritmo mais lento, pois a greve da autarquia tem atrasado o recebimento de recursos pelas empreiteiras. Porém, ele alega que o serviço feito no asfalto de alguns pontos do Anel Rodoviário aumentou a segurança, já que antes as ondulações aumentavam a instabilidade para os veículos. “Foi feita a remoção das ondulações, nivelando o asfalto e aumentando a segurança”, diz. Ele ainda afirma que fará contato com a PM e com o responsável direto pela rodovia no Dnit para avaliar o que será feito. “Se ficar constatado que os acidentes estão aumentando por causa da situação, vamos atuar para resolver.”


COMO FICOU? REFORMA DA RODOVIA

Licitação só no ano que vem


O projeto executivo de requalificação viária e reforma do Anel Rodoviário de Belo Horizonte está a cargo do governo estadual e começou a ser elaborado em fevereiro. Segundo a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), o prazo para conclusão é de 450 dias, o que significa que o trabalho deve ser finalizado até maio de 2014. Em visita a Minas em 7 de agosto, a presidente Dilma Rousseff afirmou que já está firmado convênio com o governo estadual para lançamento do edital de licitação das obras. No caso de trechos considerados mais problemáticos (entroncamentos com a BR-040 e as avenidas Amazonas, Pedro II e Ivaí), a expectativa é de que o edital seja publicado em janeiro, para obras de caráter emergencial.


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