Jornal Estado de Minas

Depois de agressão a universitária, alunos da Fumec se unem e pedem providências

Série de assaltos tem espalhado medo no Bairro Cruzeiro

Sandra Kiefer - Especial para o EM
Estudantes denunciam falta de policiamento em ruas escuras da região, onde Joice foi atacada a socos por ladrão - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press


Estudantes da Universidade Fumec deflagraram ontem nas redes sociais o movimento Fumec%2bsegura, que contou com milhares de assinaturas e compartilhamentos na internetA gota d’água para a mobilização foi o ataque brutal à estudante de direito Joice Gomes da Silva, de 21 anos, que durante assalto foi agredida a socos, desmaiou e ficou cheia de hematomas pelo corpoNatural de João Monlevade, a 108 quilômetros de Belo Horizonte, ela mora com duas colegas na Rua Oliveira, no quarteirão em frente à faculdade do Bairro Cruzeiro, Região Centro-Sul da capital

Na segunda-feira, Joice atravessava a rua para ir à aula, enquanto falava ao telefone com uma colega“Foi tudo tudo muito rápidoO ladrão me imprensou contra um carro e anunciou o assaltoEu estava carregada de coisas, com bolsa, notebook, celular e documentos na mãoA rua estava cheia de genteCustei a entender o que estava acontecendoQuando percebi, gritei e o ladrão me deu um socoFoi covardia porque eu já havia entregado o celular (um modelo iPhone)

O murro foi tão forte que eu desmaiei na hora”, contou Joice, mostrando hematomas nos braços, nas costelas e também no rosto, ferido na queda.

- Foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press Quando foi avisada do que havia acontecido com a amiga, a estudante de direito Yale Portugal pensou que era trote“Quando cheguei, Joice estava desmaiada e tentavam arranjar uma ambulânciaFiquei apavorada”, contaEla revela que o ladrão, que estava bem vestido e poderia ser facilmente confundido com um dos estudantes, fugiu na garupa de uma moto, parada a poucos metros.

Passado o susto, Yale postou as fotos da colega na internet e chamou amigos a ajudar no movimento em prol de mais segurança no entorno do câmpus“Nunca imaginava ter tanta repercussãoDepois, percebi que os casos de assalto na região são frequentes e que o ataque à Joice infelizmente não foi o piorJá houve casos de facadas e até tiro”, explica“Nunca vemos viaturas da PM rondando o local, só em dias de festa ou para multar nossos carros”, revolta-se.

Só esta semana, segundo relato dos próprios estudantes, teria havido outros cinco assaltos nas redondezas, sem contar o de JoiceUma das vítimas é o estudante de engenharia civil L., que pede para não ser identificadoNa terça-feira, às 22h10, na saída da aula, ele teve uma arma apontada contra o peito por dois assaltantes, também de moto
Na esquina das ruas Trifana e Pirapetinga eles levaram a carteira, a mochila e o celular do universitário.

Em nota oficial, a Fumec lamenta o ocorrido, mas afirma não ser “a fonte adequada para se pronunciar sobre os assuntos de segurança pública em Belo Horizonte”Mesmo assim, com o objetivo de contribuir com a segurança no entorno do câmpus, a entidade convida para reunião amanhã, às 11h, no prédio da Reitoria, representantes do comando da Polícia Militar, de associações de moradores dos bairros Cruzeiro e Anchieta, de comerciantes, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) e do movimento estudantilPara 2 de setembro, a Câmara Municipal convocou audiência pública para discutir o tema

Rotina

A insegurança no entorno do câmpus do Cruzeiro pode ser constatada pelo site Onde fui roubado, em que há oito denúncias de ataques sofridos por estudantes este anoNo mesmo dia em que a aluna Joice Silva foi roubada, dois outros estudantes foram vítimas de ladrões nas imediaçõesOs responsáveis pelo policiamento da área não foram encontrados ontem para comentar o assunto(Com Landercy Hemerson)