Estudantes da Universidade Fumec deflagraram ontem nas redes sociais o movimento Fumec+segura, que contou com milhares de assinaturas e compartilhamentos na internet. A gota d’água para a mobilização foi o ataque brutal à estudante de direito Joice Gomes da Silva, de 21 anos, que durante assalto foi agredida a socos, desmaiou e ficou cheia de hematomas pelo corpo. Natural de João Monlevade, a 108 quilômetros de Belo Horizonte, ela mora com duas colegas na Rua Oliveira, no quarteirão em frente à faculdade do Bairro Cruzeiro, Região Centro-Sul da capital.
Na segunda-feira, Joice atravessava a rua para ir à aula, enquanto falava ao telefone com uma colega. “Foi tudo tudo muito rápido. O ladrão me imprensou contra um carro e anunciou o assalto. Eu estava carregada de coisas, com bolsa, notebook, celular e documentos na mão. A rua estava cheia de gente. Custei a entender o que estava acontecendo. Quando percebi, gritei e o ladrão me deu um soco. Foi covardia porque eu já havia entregado o celular (um modelo iPhone). O murro foi tão forte que eu desmaiei na hora”, contou Joice, mostrando hematomas nos braços, nas costelas e também no rosto, ferido na queda.
Passado o susto, Yale postou as fotos da colega na internet e chamou amigos a ajudar no movimento em prol de mais segurança no entorno do câmpus. “Nunca imaginava ter tanta repercussão. Depois, percebi que os casos de assalto na região são frequentes e que o ataque à Joice infelizmente não foi o pior. Já houve casos de facadas e até tiro”, explica. “Nunca vemos viaturas da PM rondando o local, só em dias de festa ou para multar nossos carros”, revolta-se.
Só esta semana, segundo relato dos próprios estudantes, teria havido outros cinco assaltos nas redondezas, sem contar o de Joice. Uma das vítimas é o estudante de engenharia civil L., que pede para não ser identificado. Na terça-feira, às 22h10, na saída da aula, ele teve uma arma apontada contra o peito por dois assaltantes, também de moto. Na esquina das ruas Trifana e Pirapetinga eles levaram a carteira, a mochila e o celular do universitário.
Em nota oficial, a Fumec lamenta o ocorrido, mas afirma não ser “a fonte adequada para se pronunciar sobre os assuntos de segurança pública em Belo Horizonte”. Mesmo assim, com o objetivo de contribuir com a segurança no entorno do câmpus, a entidade convida para reunião amanhã, às 11h, no prédio da Reitoria, representantes do comando da Polícia Militar, de associações de moradores dos bairros Cruzeiro e Anchieta, de comerciantes, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) e do movimento estudantil. Para 2 de setembro, a Câmara Municipal convocou audiência pública para discutir o tema.
Rotina
A insegurança no entorno do câmpus do Cruzeiro pode ser constatada pelo site Onde fui roubado, em que há oito denúncias de ataques sofridos por estudantes este ano. No mesmo dia em que a aluna Joice Silva foi roubada, dois outros estudantes foram vítimas de ladrões nas imediações. Os responsáveis pelo policiamento da área não foram encontrados ontem para comentar o assunto. (Com Landercy Hemerson)