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Estado de Minas

Ônibus bate em trecho crítico do trânsito da capital

Em um dos pontos de maior risco de acidentes em BH, coletivo com vistoria vencida perde o eixo traseiro e quase causa tragédia. Bairros também têm ruas e cruzamentos perigosos


postado em 22/08/2013 06:00 / atualizado em 22/08/2013 07:22

Veículo da linha 4031 perdeu rodas, mas motorista conseguiu pará-lo em uma árvore da Avenida Amazonas. Sete pessoas ficaram feridas(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Veículo da linha 4031 perdeu rodas, mas motorista conseguiu pará-lo em uma árvore da Avenida Amazonas. Sete pessoas ficaram feridas (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)


De trás da roleta, a cobradora Rosandrea Verdete Rocha, de 33 anos, viu quando o motorista do ônibus em que estava, da linha 4031 (Santa Maria-Hospitais), começou a tombar de repente e só não atingiu outros carros porque foi domado a tempo pelo condutor. “Tomamos um verdadeiro susto, mas na hora ele conseguiu jogá-lo em uma árvore da Avenida Amazonas e evitou que atingisse outros veículos, causando uma tragédia”, conta. O acidente ocorreu na tarde de ontem, depois que o eixo traseiro do coletivo se desprendeu. Como último recurso, o condutor Marcos Ossamu Caballini Kavadi, de 36, jogou o ônibus na árvore. Sete pessoas, o motorista e seis mulheres,ficaram feridas e foram socorridas com ferimentos leves. Apesar de gravíssimo, uma vez que a empresa deixou de fazer a vistoria anual do veículo em julho, segundo a BHTrans, e foi multada por trafegar com documentos vencidos, esse não é um acontecimento isolado.

Os 50 metros da Avenida Amazonas, entre as ruas dos Aimorés e Araguari, no Bairro Santo Agostinho, estão entre os 95 pontos que mais concentram batidas, capotagens e atropelamentos em Belo Horizonte, segundo mapeamento do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG). Nem todos sabem que trechos como este, perto de uma escola, estão entre os piores da capital.

Trabalhando há apenas uma semana na esquina da Avenida Amazonas com a Rua dos Aimorés, o chaveiro Rafael Augusto Soares, de 23, viu cerca de 10 acidentes no local. “O que mais ocorre são freadas bruscas dos veículos devido ao registro de avanço no sinal. Quem vem atrás acaba não conseguindo evitar a batida”, diz ele. Já o aposentado Francisco Pereira, de 61, chama a atenção para a conversão à esquerda da Amazonas para a Araguari. “Trânsito intenso com entrada à esquerda sempre causa pequenas batidas”, explica.

A esquina da Avenida Amazonas é uma das 10 que apresentam cruzamentos de alto risco, sinalizações confusas e convergências que demandam atenção de motoristas e pedestres, como nas esquinas com a Avenida Tereza Cristina e ruas José de Alencar, Duque de Caxias, Juscelino Kubitschek, Tenente Brito Melo, Padre Belchior, dos Goitacazes, dos Tamoios e dos Tupinambás, as quatro últimas já no Centro.

Perigo nos bairros

Mas não são essas as únicas que surpreendem por estar entre as com mais ocorrências de acidentes. Entre os bairros Vera Cruz e Alto Vera Cruz, na Região Leste, a Rua Jequitinhonha tem movimento, mas não aparenta ser uma das mais perigosas de Belo Horizonte. No entanto, apesar de ser dotada de quebra-molas e de canteiro central separando os dois sentidos de circulação, a rua tem dois cruzamentos com acidentes em BH, um deles na esquina com a Rua Leopoldo Gomes e outro com a Avenida dos Andradas. No último ponto, para reduzir o número de veículos e pedestres atingidos, a BHTrans instalou há dois meses uma rotatória. Quem mora perto do local, no entanto, afirma que isso não foi suficiente para diminuir o perigo.

O operador de empilhadeira José Danilo de Sena, de 56, conta que ninguém respeita a preferência dos veículos que circulam pela rotatória, entre Andradas e Jequitinhonha, o que tem causado colisões. “Tinha que ter um semáforo (em vez de rotatória). É muito carro e moto batendo todos os dias. Muita gente também é atropelada aqui”, reclama José Danilo, mostrando marcas de pneus no asfalto, deixadas por carros em alta velocidade, que passam por cima da demarcação. “Sou motorista, mas tenho medo de dirigir aqui. Ninguém respeita ninguém. A avenida é muito pesada”, completou.

Cristiano Machado

Valdilene Gonçalves está assustada com as batidas na saída do túnel(foto: João Miranda/Esp. EM/D.A Press)
Valdilene Gonçalves está assustada com as batidas na saída do túnel (foto: João Miranda/Esp. EM/D.A Press)
Por outro lado, locais onde os acidentes são conhecidos e não representam novidades para as autoridades de trânsito continuam sem intervenções de segurança. Valdilene Gonçalves, de 35, é gerente de uma loja de peças de motos na Avenida Cristiano Machado, nas regiões Leste e Nordeste, e relata acidentes frequentes no corredor, que concentra pontos de perigo em 21 cruzamentos e trechos com mais de 10 acidentes em um ano. Na esquina com as ruas Saldanha da Gama e Pitangui, no Bairro Colégio Batista, na Região Leste, ocorrem muitos acidentes, segundo ela. “Carro já rodou na pista e entrou no bar do outro lado. As batidas acontecem quase todos os dias”, completa.

Segundo ela, motoristas de carros que saem da Saldanha da Gama não têm visão dos veículos que vêm do Túnel da Lagoinha e entram na Cristiano Machado em alta velocidade. “Muitos automóveis em alta velocidade na Cristiano Machado não conseguem fazer a curva para entrar na Rua Pitangui e capotam. Estou no meio do fogo cruzado. Tenho muito medo de morrer atropelada dentro da loja”, disse a gerente. Na tarde de ontem, por pouco o Estado de Minas não flagrou um acidente. Um taxista que dirigia pela Cristiano Machado diminuiu a velocidade do carro, em dúvida se entrava na Rua Pitangui ou se seguia direto, e quase foi atingido por um carro da PM que seguia logo atrás.

A BHTrans informou ontem que usa os dados do mapeamento de pontos críticos do Detran para melhorar as políticas de segurança no trânsito da capital.

 

Como ficou?
Morte no belevedere
Justiça marca depoimentos

Está marcada para o mês que vem a audiência de instrução para depoimento das testemunhas de acusação no processo em que o estudante Michael Donizete Lourenço, de 22 anos, foi denunciado por homicídio por dolo eventual, ao se envolver no acidente em que morreu o administrador Fábio Pimentel Fraiha, de 20, na madrugada do dia 15 de setembro de 2012. O juiz ainda vai decidir, posteriormente, na fase de pronúncia, se o acusado responderá mesmo por dolo eventual, que é quando a pessoa assume os riscos de matar, no caso ao disputar um pega, ou se será julgado por homicídio culposo (6 a 20 anos), quando o desastre decorre de imperícia, imprudência ou omissão (de 2 a 4 anos). O estudante responde em liberdade. Num outro processo, da esfera cível, a família da vítima pede R$ 40 mil de indenização por danos morais.


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