“Se ouvir dizer que existe um médico cubano atuando em Nova Lima, por exemplo, mando uma equipe do CRM-MG fiscalizarChegando lá, será verificado se ele tem o diploma revalidado no Brasil e a carteirinha do CRM-MGSe não tiver, vamos à delegacia de polícia e o denunciamos por exercício ilegal da profissão, da mesma forma que fazemos com um charlatão ou com curandeiro”, avisa o presidente da entidade, João Batista Gomes SoaresSegundo ele, não adiantará o profissional apresentar um papel em que consta ter sido contratado por convênio estabelecido entre Brasil e Cuba
“Esse programa do governo federal é conversa e conversa não é superior à lei vigente no país”, protesta o médico, irritado com a decisão do governo federal de contratar 4 mil médicos cubanos pela Medida Provisória 621/13, como resposta à baixa adesão de profissionais de outras nacionalidades ao Mais MédicosEm termo assinado com a Organização Panamericana de Saúde (Opas) para preencher as vagas, Cuba foi o primeiro a fechar convênio com o Brasil
“Não vou respeitar medida provisória, que é coisa da época da ditaduraNão entendo que MP revoga lei e vou me ater ao que a lei determina”, avisa SoaresEle afirma que vai se recusar a emitir carteirinhas para estrangeiros que não revalidaram o diploma no Brasil nem estão fluentes no português, de acordo com as exigências previstas na Lei 3.268, que regulamenta a forma de registro médico no conselho
O CRM de Minas está afinado com o Conselho Federal de Medicina (CFM), que ingressou na Justiça Federal para que as entidades nos estados não sejam obrigadas a fornecer o registro provisório aos estrangeirosNa terça-feira, presidentes dos conselhos se reúnem no conselho federal, em Brasília, para discutir a questão cubana e o veto ao Ato Médico
Curso de conhecimento
Segundo a assessoria do Ministério da Saúde, os cubanos farão três semanas de curso de acolhimento, sob supervisão de tutor nomeado pelas instituições de ensino que aderiram ao programa no país de origemCaso não sejam aprovados em conhecimentos médicos e em língua portuguesa, serão desligados do programaCom validade de três anos, a carteira provisória deverá ser emitida em nome dos médicos intercambistas pelos CRMs.
Exploração pelo Estado
Na tarde dessa quinta-feira, o Ministério da Saúde assumiu desconhecer o valor exato que os médicos cubanos receberão para trabalhar no BrasilAdmitiu também que os profissionais estrangeiros não serão contemplados com o repasse integral de verbasO propalado acordo bilateral, portanto, fere a lógica socialistaRepresenta de forma inequívoca a exploração do homem pelo Estado: haverá lucro com o trabalho alheioMais uma anomalia de uma decisão que tem causado enorme indignação na classe médica brasileira.