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Estado de Minas

BH está sob ameaça de enchentes em mais uma temporada de chuva

Às vésperas de temporais, capital revive problema histórico para ocorrência de inundações com entupimento de bueiros e bocas de lobo. Prefeitura anuncia mutirão na semana que vem


postado em 27/08/2013 06:00 / atualizado em 27/08/2013 06:41

Galeria afundada em ponto crítico, na esquina da Rua Erê com Avenida Francisco Sá, no Bairro Prado, mostra o risco a que está sujeita a capital no fim de ano(foto: Fotos: Beto Magalhães/EM/D.A.Press)
Galeria afundada em ponto crítico, na esquina da Rua Erê com Avenida Francisco Sá, no Bairro Prado, mostra o risco a que está sujeita a capital no fim de ano (foto: Fotos: Beto Magalhães/EM/D.A.Press)



Às vésperas de começar a temporada de chuvas, Belo Horizonte convive com problemas históricos para a ocorrência de inundações: as más condições dos bueiros, bocas de lobo e galerias pluviais. Em uma simples volta pela cidade, é possível ver que as bocas de lobo estão entupidas de lixo, quebradas e até completamente abertas. A situação é comum em ruas e avenidas e não escapa nem mesmo em regiões críticas para alagamentos, como a Avenida Francisco Sá, no Bairro Prado, na Região Oeste, e a Avenida Silviano Brandão, no Bairro Horto, na Leste.

Para piorar, a quantidade de lixo retirada dos cerca de 60 mil bueiros da capital aumenta a cada ano. Em 2013, a estimativa é de 600 toneladas a mais do que no ano anterior, quando foram recolhidas 4,4 mil toneladas de resíduos. O gasto com a limpeza também é pesado. Com os R$ 3,56 milhões previstos para serem investidos neste ano na manutenção das bocas de lobo seria possível instalar 9,8 mil lixeiras na cidade. Significaria quase dobrar os 13 mil equipamentos de coleta já instalados nas ruas.

Somente na Região Centro-Sul, 130 tampas de bueiros (grelhas de ferro, de concreto e tampões redondos) foram substituídas em vias públicas. As trocas ocorrem para reparar problemas causados por vandalismo, roubos e pelo tráfego pesado de veículos. As avenidas Afonso Pena, Amazonas, Cristóvão Colombo e Prudente de Morais são os pontos que mais concentram danos a bocas de lobo. A Centro-Sul é ainda a região que mais concentra lixo em bueiros, segundo a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). “Como a circulação de pessoas é muito grande no Centro e o poder de compra tem aumentado, é muito grande a quantidade de lixo que fica pelas ruas, especialmente em pontos de ônibus e perto de lanchonetes”, afirma o chefe do Departamento de Serviços de Limpeza, Wilian Costa Pereira.

Prejuízos

Para o gari Erivaldo Nascimento Batista, de 35 anos, que diariamente faz a limpeza de ruas do Bairro de Lourdes, a situação dos bueiros é complicada. “Quase todos estão entupidos. Basta a primeira chuva para ver o tanto de lixo que vai sair quando a água transbordar”, diz o servidor, ao lembrar que o serviço já deveria ter sido providenciado. “Depois que começar a chover não adianta mais.”

Ver tanto lixo e tanto problema em um momento que antecede as mudanças no clima perturba quem convive com alagamentos todos os anos. Com uma boca de lobo de tampa quebrada bem em frente ao posto onde trabalha, no Prado, o frentista Remilson de Figueiredo, de 31 anos, queixa-se da falta de manutenção e de limpeza. “É como se já soubéssemos o que nos espera nesse ano. Com o bueiro aberto, mais lixo entra na caixa e entope a rede coletora da água da chuva. Se nada for feito, devemos conviver com inundações mais uma vez”, diz o rapaz que trabalha há 12 anos num posto de gasolina na Avenida Francisco Sá. “No posto não temos muitos prejuízos, mas além de ficar impossível passar pela avenida por causa da enxurrada, muitos comerciantes têm perdas enormes”, comenta.

Acidentes

Mais adiante, outro problema. Na Rua Jaceguai, ponto constante de alagamentos em temporadas de chuvas, uma boca de lobo está aberta. A operadora de telemarketing Natália Ribeiro, de 21, critica a situação. “Já tive notícia de que a rua fica completamente inundada. Condições como a desse bueiro favorecem ainda mais o problema. Sem contar no risco de acidentes com pedestres”, diz.

A falta de manutenção obrigou a população a sinalizar um buraco em um bueiro no Bairro Horto, na Região Leste, com um pedaço de madeira e galhos de árvores. A iniciativa foi a saída para evitar acidentes, mas deixou o equipamento entupido. A boca de lobo fica na Rua Capitão Bragança, esquina com Avenida Silviano Brandão. O que chama atenção é que o problema permanece há mais de um mês em um local crítico para inundações e, segundo a população, a prefeitura ainda não tomou nenhuma providência. “Vários carros já caíram nesse buraco, a ponto de ficarem presos e os motoristas precisarem de ajuda para retirá-los. É uma vergonha e total descaso”, diz a balconista Ane Palova, de 21, que trabalha em uma loja em frente ao local.

Buraco

O recapeamento feito em várias vias de BH resolveu o problema dos buracos abertos pela chuva, mas deixou novos incômodos. A nova massa asfáltica colocada sobre o piso aumentou o nível da rua, mas fez dos bueiros verdadeiras crateras, já que a boca de lobo não foi nivelada com a rua após o recapeamento. No Bairro Sagrada Família, carros que passam sobre o bueiro no cruzamento das ruas Joaquim Felício e Bicas não escapam do problema. “Além do susto por causa do barulho que faz no carro na hora da queda, há o risco de quebrar alguma peça do carro”, diz a bioquímica Márcia Maria Antunes Ávila, de 55, que trabalha num laboratório no cruzamento. Situação semelhante também foi vista na Rua Erê com Avenida Francisco Sá, no Prado.


Limpeza vai priorizar as áreas de risco

Técnicos da Prefeitura de Belo Horizonte vão traçam, nesta quinta-feira, o planejamento para uma ação intensa de limpeza de bueiros da cidade, a ser iniciada no dia 2. O trabalho será uma espécie de mutirão, que vai priorizar as 5.675 bocas de lobo consideradas pontos de atenção devido a alagamentos, em fundos de vale. Em seguida, serão limpos os equipamentos em áreas altas da capital. A manutenção da estrutura de bueiros quebrados ou sem tampa é feita individualmente pelas nove regionais. O reparo é resultado de vistorias de técnicos ou de solicitações feitas pela população, pelo telefone 156, do BH Resolve.

O mutirão, segundo o chefe do Departamento de Serviços de Limpeza Urbana da SLU, Wilian Costa, é a intensificação do trabalho rotineiro de limpeza. Segundo ele, 215 mil bocas de lobo foram limpas de janeiro a julho. A retirada do lixo é feita pelo gari, que puxa os resíduos da boca de lobo usando pá e enxada. Entre os materiais mais encontrados estão papel, folhas, restos de cigarros, plásticos, latas de refrigerante, tocos de cigarro e barro. Em alguns locais, próximo a restaurantes e lanchonetes, há muita gordura e restos de alimentos.

Mesmo sem precisar a quantidade, Wilian diz ser muito comum encontrar bocas de lobo quebradas e entupidas em vias públicas. Essa situação, segundo ele, traz danos enormes para a cidade, já que ao encontrar um obstáculo na rede fluvial, a água da chuva não consegue passar e acaba transbordando pelas ruas e avenidas.

A falta de conscientização é apontada por Wilian como o maior vilão para a sujeira. “As pessoas aumentaram seu poder de compra e com isso consomem cada vez mais produtos com embalagens. Não se preocupam com o descarte do lixo, que é jogado em qualquer local”, diz. Ele afirma a limpeza vai prevenir a ocorrência dos alagamentos na temporada de chuva e reforça que as inundações do ano passado foram provocadas porque em muitos pontos a rede fluvial não comporta o grande volume de água durante os temporais.


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