Representantes de movimentos LGBT e familiares do bailarino Igor Leonardo Xavier, assassinado há 11 anos, esperam justiça no julgamento dos réus nesta terça-feira no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. O zootecnista Ricardo Athayde Vasconcellos e do filho dele, Diego Rodrigues Athayde são acusados de matar a vítima a tiros em Montes Claros, no Norte de Minas, motivados por preconceito. Para todos os presentes, o júri pode servir de exemplo para outros crimes homofóbicos e o veredicto vai marcar a história da violência contra homossexuais no país.
A porta do II Tribunal do Júri, onde ocorre a sessão nesta manhã, foi tomada por manifestações de apoio aos familiares de Igor. Faixas e mensagens contra a homofobia foram exibidas, assim que os réus entraram no salão do júri.
A mãe de Igor, Marlene Xavier Gomes, ainda tem uma incerteza em relação ao julgamento por causa do tempo que se passou do crime. No entanto, espera a condenação dos réus para uma morte que considera bárbara, homofóbica e que representa a violência contra homossexuais. Para ela, o resultado de condenação poderá servir de exemplo para outros casos.
O coordenador nacional de Promoção LGBT da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, Gustavo Bernardes, está representando a ministra Maria do Rosário no julgamento. Ele disse que vai dar todo apoio para a família de Igor, porque o júri é importante para o Brasil.
O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Carlos Magno, tem expectativa de que se faça justiça poque é importante combater a impunidade de todos os homofóbicos do Brasil. Ele está confiante na Justiça, pois acredita que há provas suficientes e a opinião pública está a favor de Igor. Segundo Magno, esse julgamento é emblemático pelo precedente que vai abrir em caso de condenação.
Crime
O poeta Aroldo Pereira, presidente da Associação Igor Vive, criada em Montes Claros após o assassinato do bailarino, conta que o artista era muito atuante na cena cultura da cidade, por isso o crime chocou a população. Ele também está presente no júri e afirma que Igor foi assassinado de forma cruel.
Segundo o processo, o bailarino foi morto no apartamento do zootecnista, depois que os dois se encontraram em um bar, no Centro de Montes Claros. Ricardo Athayde confessou que cometeu o homicídio porque a vítima teria assediado seu filho. O advogado que defende Ricardo e Diego, Maurício Campos Júnior, sustenta que não houve homofobia.