Os alojamentos militares onde estão hospedados 14 dos profissionais com diplomas estrangeiros escolhidos para Minas pelo programa Mais Médicos, do governo federal, apresentaram problemas e o grupo deve ser transferido de endereço, segundo o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães. Até ontem, os bolsistas estavam instalados no 12º Batalhão de Infantaria do Exército, na Rua Tenente Brito Melo, no Barro Preto, bairro da Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
No batalhão, os médicos estão divididos em dois alojamentos, um masculino e um feminino, informa a assessoria da 4ª Região Militar. No local, há cinco brasileiros e três brasileiras, um boliviano, um argentino, um espanhol, um mexicano, uma portuguesa e uma venezuelana, todos participantes do curso de acolhimento e avaliação, que os prepara para trabalhar em municípios do estado. Eles estão dormindo em beliches e são transportados do batalhão para o curso em ônibus do Exército, segundo a corporação.
Um dos problemas é a falta de água no banheiro do alojamento feminino, segundo um dos “hóspedes”, o boliviano Davi Paes, formado em Cuba. “As instalações do batalhão não têm problemas primordiais. Temos comida, água, camas. O único problema é para as mulheres, que estão no segundo piso. O banheiro delas não tem água”, relatou ontem.
O secretário Helvécio Magalhães informou que os médicos também sofrem por causa dos rígidos horários seguidos pelos militares. “Quem escolheu os alojamentos atuais foi o Ministério da Defesa. Os médicos vão ser transferidos, vamos arrumar um alojamento melhor”, acrescentou. A pasta, no entanto, afirmou que não há previsão de transferência dos bolsistas para outro local.
No encontro com os participantes do curso, Magalhães acalmou os profissionais em relação à hostilidade de entidades médicas brasileiras. O curso de adaptação, segundo ele, é suficiente para adequação aos protocolos éticos, à legislação e ao funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), além do aprendizado da língua portuguesa. Dos 89 profissionais encaminhados a 47 cidades mineiras, 18 têm diploma do exterior e participam do curso coordenado pela Universidade Federal de São João del-Rei. Outros dois ainda estão com documentação pendente, mas assistem às aulas.
Adaptação
Entre os que vêm de fora há oito brasileiros, em sua maioria formados na Espanha e em Portugal. Graziele Simões, que é de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, e estava fora do país desde 1998, disse que não haver muitas diferenças entre a medicina daqui e a do exterior. “Precisamos apenas nos adaptar ao sistema”, avaliou.
Em entrevista coletiva, o secretário Helvécio Magalhães comemorou a vitória do governo na Justiça Federal sobre o Conselho Federal de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), que briga contra a obrigatoriedade do registro temporário aos bolsistas que não fizeram a revalidação do diploma e não têm certificado de proficiência em português. “A Medida Provisória será convertida em lei até novembro, estamos seguros disso”, afirmou.
Ele explicou ainda que os médicos terão a revalidação restrita do diploma e o registro provisório para atuação apenas nos municípios onde forem trabalhar nos próximos três anos. Em relação ao repasse do salário dos cubanos ao governo de origem, o secretário disse que não se trata de questão ideológica, mas de uma decisão interna do de Cuba. “A questão é de legislação, de tratado internacional e acordo bilateral. Ninguém é obrigado a participar”, disse. O CRM-MG informou que já tem outra ação contra o governo no Supremo Tribunal Federal (STF) e deve contestar a decisão da Justiça Federal sobre obrigatoriedade do registro.
UFMG vai apoiar programa
A Universidade Federal de Minas Gerais anunciou ontem apoio ao Mais Médicos. A decisão foi tomada pela congregação da Faculdade de Medicina, composta por representantes de funcionários, alunos e professores. A votação teve 22 manifestações a favor, uma contra e três abstenções.
A UFMG vai oferecer treinamento aos bolsistas, além de disponibilizar professores para acompanhamento dos estrangeiros no interior de Minas. Também poderá contribuir com acesso a informações por meio do Telessaúde, que coloca médicos em contato com centros universitários distantes. Segundo o chefe do Departamento de Medicina Preventiva e Social da faculdade, Antônio Leite Alves Radicchi, a instituição espera agora que o Ministério da Saúde solicite os serviços.
Quando a vinda de estrangeiros foi anunciada pelo governo federal, a UFMG se posicionou contra, devido à dispensa da revalidação do diploma. Diante da explicou de que o Mais Médicos prevê uma revalidação restritiva, para que o profissional possa atuar apenas na cidade para a qual for designado, a congregação da faculdade se reuniu para debater o assunto e decidiu apoiar o plano. (JF)
No batalhão, os médicos estão divididos em dois alojamentos, um masculino e um feminino, informa a assessoria da 4ª Região Militar. No local, há cinco brasileiros e três brasileiras, um boliviano, um argentino, um espanhol, um mexicano, uma portuguesa e uma venezuelana, todos participantes do curso de acolhimento e avaliação, que os prepara para trabalhar em municípios do estado. Eles estão dormindo em beliches e são transportados do batalhão para o curso em ônibus do Exército, segundo a corporação.
Um dos problemas é a falta de água no banheiro do alojamento feminino, segundo um dos “hóspedes”, o boliviano Davi Paes, formado em Cuba. “As instalações do batalhão não têm problemas primordiais. Temos comida, água, camas. O único problema é para as mulheres, que estão no segundo piso. O banheiro delas não tem água”, relatou ontem.
O secretário Helvécio Magalhães informou que os médicos também sofrem por causa dos rígidos horários seguidos pelos militares. “Quem escolheu os alojamentos atuais foi o Ministério da Defesa. Os médicos vão ser transferidos, vamos arrumar um alojamento melhor”, acrescentou. A pasta, no entanto, afirmou que não há previsão de transferência dos bolsistas para outro local.
No encontro com os participantes do curso, Magalhães acalmou os profissionais em relação à hostilidade de entidades médicas brasileiras. O curso de adaptação, segundo ele, é suficiente para adequação aos protocolos éticos, à legislação e ao funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), além do aprendizado da língua portuguesa. Dos 89 profissionais encaminhados a 47 cidades mineiras, 18 têm diploma do exterior e participam do curso coordenado pela Universidade Federal de São João del-Rei. Outros dois ainda estão com documentação pendente, mas assistem às aulas.
Adaptação
Entre os que vêm de fora há oito brasileiros, em sua maioria formados na Espanha e em Portugal. Graziele Simões, que é de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, e estava fora do país desde 1998, disse que não haver muitas diferenças entre a medicina daqui e a do exterior. “Precisamos apenas nos adaptar ao sistema”, avaliou.
Em entrevista coletiva, o secretário Helvécio Magalhães comemorou a vitória do governo na Justiça Federal sobre o Conselho Federal de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), que briga contra a obrigatoriedade do registro temporário aos bolsistas que não fizeram a revalidação do diploma e não têm certificado de proficiência em português. “A Medida Provisória será convertida em lei até novembro, estamos seguros disso”, afirmou.
Ele explicou ainda que os médicos terão a revalidação restrita do diploma e o registro provisório para atuação apenas nos municípios onde forem trabalhar nos próximos três anos. Em relação ao repasse do salário dos cubanos ao governo de origem, o secretário disse que não se trata de questão ideológica, mas de uma decisão interna do de Cuba. “A questão é de legislação, de tratado internacional e acordo bilateral. Ninguém é obrigado a participar”, disse. O CRM-MG informou que já tem outra ação contra o governo no Supremo Tribunal Federal (STF) e deve contestar a decisão da Justiça Federal sobre obrigatoriedade do registro.
UFMG vai apoiar programa
A Universidade Federal de Minas Gerais anunciou ontem apoio ao Mais Médicos. A decisão foi tomada pela congregação da Faculdade de Medicina, composta por representantes de funcionários, alunos e professores. A votação teve 22 manifestações a favor, uma contra e três abstenções.
A UFMG vai oferecer treinamento aos bolsistas, além de disponibilizar professores para acompanhamento dos estrangeiros no interior de Minas. Também poderá contribuir com acesso a informações por meio do Telessaúde, que coloca médicos em contato com centros universitários distantes. Segundo o chefe do Departamento de Medicina Preventiva e Social da faculdade, Antônio Leite Alves Radicchi, a instituição espera agora que o Ministério da Saúde solicite os serviços.
Quando a vinda de estrangeiros foi anunciada pelo governo federal, a UFMG se posicionou contra, devido à dispensa da revalidação do diploma. Diante da explicou de que o Mais Médicos prevê uma revalidação restritiva, para que o profissional possa atuar apenas na cidade para a qual for designado, a congregação da faculdade se reuniu para debater o assunto e decidiu apoiar o plano. (JF)