Jornal Estado de Minas

UM FILHO E BASTA

Minas é o quinto estado com menor média de filhos por mulher

Minas gerais subirá do 5º lugar este ano para o topo do ranking dos estados com a menor taxa de filhos por mulher (1,4) em 2029, segundo projeções do ibge

Tiago de Holanda Flávia Ayer
Lucinda Mendonça, de 43 anos, optou por apenas uma filha, Larissa, de 2, para ter condições de cuidar bem dela - Foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS
Quinto estado com menor média de filhos por mulher na atualidade, Minas Gerais passará a liderar o ranking em 2029, ao lado de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito FederalDaqui a 16 anos, a taxa de fecundidade, hoje de 1,63 filho, cairá para 1,45, abaixo da média nacional de 1,51, segundo projeções divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)A queda no número de descendentes é um dos motivos que fazem a população mineira crescer menos do que a brasileira até 2030O total de habitantes do país, que neste ano ultrapassou pela primeira vez a marca dos 200 milhões, começará a diminuir em 2043.


Um exemplo dos números do IBGE é a psicóloga Lucinda Mendonça, de 34 anos, que é filha única e tem 11 tios e 36 primos pelo lado maternoE poderia ter mais, já que a mãe dela fez seis abortos antes e um depois de seu nascimentoMas se depender de Lucinda e do marido, Fabrício Lima, de 35, a conta de descendentes da família Mendonça não crescerá muitoPais da pequena Larissa, de 1 ano e 9 meses, eles estão decididos a parar por aí.

“Sou filha única não por opção dos meu pais, mas amo ser assimDesde que comecei a namorar, queria ter só um filho, até por questões financeirasPara ter condições de cuidar da Larissa, só trabalho meio horárioCom mais um, isso não seria possível”, diz

Mais radical que Lucinda e Fabrício é o casal Simone, de 43, e Cláudio Pereira, de 47

Casados há 20 anos, eles decidiram não ter filhosOs dois gostam de criança, adoram ser tios e optaram por não ter a própria família“Ter filhos é uma responsabilidade muito grande e nunca pensei que minha realização feminina viesse por meio deles, mas sim do meu trabalho”, conta Simone, que é pedagoga e trabalha numa escola infantil“Hoje faço opções de trabalhar onde quero, ter o estilo de vida que quero, pois não preciso de muita granaNão tem ninguém que dependa de mim”, ressalta.

Próximas décadas


Minas tem 20.593.356 habitantes, 10,24% dos 201.032.714 do paísMantém-se como segundo estado mais populoso, atrás de São Paulo (43,3 milhões), posição que não se modifica ao menos até 2030, último ano das projeções do IBGEA população brasileira, que era de 199,24 milhões em 2012, cresce em ritmo cada vez mais lentoDo ano passado para cá, o aumento foi de 0,89%Já entre 2041 e 2042, o acréscimo será de apenas 0,02%Em 2042 a população chegará ao ápice de 228,351 milhões e para de se elevar
Em 2043, a tendência se inverte e, até 2060, haverá redução de 4,45%, chegando a 218,173 milhões, mesmo patamar de 2025.

Já a população mineira deve crescer 7,7% entre este ano e 2030, alcançando os 22,194 milhõesO índice é inferior aos 11% projetados para o BrasilA cada ano, nasce menos gente no paísEm Minas, desde 2000 o número de nascimentos caiu 20,5%Até 2030, a diminuição será de 19,8%No país, a queda chegará a 51,52% até 2060.

“Essa redução já era esperada e se deve, principalmente, ao fato de a média de filhos por mulher vir decrescendo desde a década de 1970”, explica Luciene Longo, demógrafa e analista do IBGENo país, a taxa de fecundidade é de 1,77, o que faz com que o país esteja abaixo da chamada taxa de reposição da população (2,1 filhos por mulher)O índice deve baixar para 1,51 em 2030 e para 1,50 em 2060Minas tem o quinto menor índice do país, 1,63, que cairá a 1,45 em 2029As mulheres continuarão a ter filhos cada vez mais tardeNo país, a média de idade com que dão à luz em 2013 é de 26,9 anos, e a projeção do IBGE é de que cresça para 28 anos em 2020 e 29,3 anos em 2030.