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Estado de Minas

Programa Mais Médicos divide a UFMG

Instituição não adere ao programa federal, mas reitor e Faculdade de Medicina admitem colaborar e geram críticas de professores e alunos


postado em 07/09/2013 06:00 / atualizado em 07/09/2013 06:56

Estudante de medicina Marina Buldrini considera programa uma medida imediatista do governo e diz que a UFMG não deve aderir(foto: TÚLIO SANTOS/EM/D.A PRESS)
Estudante de medicina Marina Buldrini considera programa uma medida imediatista do governo e diz que a UFMG não deve aderir (foto: TÚLIO SANTOS/EM/D.A PRESS)

A Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) confirmou em comunicado que não pretende aderir ao programa Mais Médicos, reforçando decisão tomada em 12 de agosto pela congregação da faculdade, órgão máximo de decisões da instituição. Mas em outro documento, no dia 28 do mesmo mês, a faculdade afirma que pode “participar com apoio institucional nas ações” do programa federal, o que tem causado polêmica. Professores discordam sobre qual auxílio pode ser prestado e o reitor da universidade, Clélio Campolina, admite até mesmo colaborar no treinamento de bolsistas.

A medida provisória que institui o Mais Médicos foi discutida em 12 de agosto na reunião da congregação, que inclui a diretoria da faculdade, chefes dos departamentos e representantes de professores, estudantes e funcionários técnicos e administrativos. Por 10 votos a nove, a faculdade decidiu não firmar o termo de adesão do programa, que oferece bolsa de R$ 10 mil a profissionais para trabalhar em municípios do interior e periferias de grandes cidades.

Em nota, entre outras críticas, a congregação defendeu que bolsistas formados no exterior revalidassem os diplomas. A faculdade “não acha adequado prestar supervisão e orientação” aos profissionais que não fizessem a revalidação. Se aderisse ao programa, a instituição teria que escolher professores para atuar como tutores acadêmicos, responsáveis por definir as atividades dos inscritos e dos médicos supervisores que devem acompanhá-los.

A polêmica começou após o diretor da faculdade, Francisco José Penna, reunir-se em 26 de agosto, em Brasília, com dois secretários do Ministério da Saúde: o de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, e o de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mozart Sales. No dia seguinte, os dois enviaram carta a Penna defendendo a dispensa da revalidação e a necessidade de implantar uma “modalidade restrita” de autorização, para os bolsistas com diplomas estrangeiros atuarem “em determinadas localidades e focados na atenção básica”.

Em 28 de agosto, a congregação voltou a se reunir e, em adendo à nota do dia 12, considerou que as explicações dos secretários do ministério “nos permitem avançar nas discussões do programa e participar com apoio institucional nas ações” do Mais Médicos. Em carta de protesto destinada à comunidade acadêmica, um dos integrantes da congregação, o chefe do departamento de clínica médica, professor Ricardo de Menezes, acusou o órgão de ter mudado “a toque de caixa, sem estudo prévio”, a decisão de não adesão.

Em nova reunião na terça-feira, a congregação reiterou que a faculdade “recusa o termo de adesão” do Mais Médicos, mas, ao mesmo tempo, ratificou o adendo que prevê a participação “com apoio institucional” no programa. Na análise do reitor, a congregação “decidiu colaborar no que for possível”, segundo declarou em entrevista ao Estado de Minas. “Mesmo que a congregação não concorde com a formulação do programa, não podemos negar assistência, princípio elementar da área de saúde. Somos uma instituição pública e temos um compromisso social e político com a sociedade”, ressalta.

Campolina considera a possibilidade de a faculdade ajudar no treinamento dos bolsistas. "Vai depender das demandas. Treinamento... Nossa Telemedicina funciona muito bem para o estado todo, de maneira que não vamos recusar ajuda”, disse, referindo-se a uma ferramenta virtual que permite que médicos de qualquer lugar usem a internet para consultar especialistas de plantão no Hospital das Clínicas da universidade. O professor Ricardo Menezes discorda do reitor. “A não adesão significa não disponibilizar qualquer estrutura da faculdade, incluindo os professores e a Telemedicina”, aponta.

ESTUDANTES Os estudantes da faculdade estão divididos. “Não deveria aderir. O programa é uma medida imediatista do governo. Virão médicos do exterior que desconhecem as doenças endêmicas do país. A população poderá receber atendimento inadequado”, opina Marina Buldrini Filogonio, de 20 anos, que cursa o 5º período de medicina. Outro universitário de 20 anos, que não quis se identificar e está no 6º período, é favorável à adesão, mas defende a revalidação: “O programa é uma medida paliativa, mas, mesmo com a pior infraestrutura, um médico é capaz de resolver alguns problemas. A revalidação deveria ser feita, para saber se o médico é capaz”. (Colaborou Paula Sarapu)


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