A nova iluminação pública instalada na Avenida Santos Dumont, no Centro de Belo Horizonte, trouxe alívio para comerciantes e pedestres que, desde o início das obras do BRT (transporte rápido por ônibus, na sigla em inglês), recentemente renomeado como Move pela BHTrans, enfrentam dificuldades como queda nas vendas e insegurançaAos poucos, as pessoas voltam a circular pela avenida à noitePara quem sobrevive do comércio e da rede hoteleira, a expectativa é de dias melhores quando o serviço de transporte entrar em operação, em janeiro, segundo previsão da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).
Na Avenida Cristiano Machado, o Estado de Minas constatou que as obras estão avançadasDas 10 estações, quatro estão praticamente prontas e recebem os últimos ajustesElas já revelam um pouco como será o novo sistema de transporte, que vai atender 730 mil passageiros, sendo 400 mil na Antônio Carlos, 300 mil na Cristiano Machado, 16,7 mil (de manhã) e 14 mil (à tarde), no Hipercentro, reduzindo o tempo de viagem das pessoas em até 50%, segundo a BHTrans
A estação do Bairro União já recebeu portas de vidros automáticasTodas as informações necessárias aos passageiros já foram anexadas, em português e inglês, como mapas de localização, corredores do Move, percurso das linhas, do metrô, estações integradas e conexõesA bilheteria já está pronta para ser usadaAs rampas de acesso de passageiros receberam grades de proteção e contam com guarda-corpos em vidro transparenteA parte elétrica também está sendo instalada, assim como as bases para os aparelhos de ar condicionado
Na Cristiano Machado, duas estações começaram a ser construídas perto do Túnel da Lagoinha, onde os trabalhos estão concentrados
LENTIDÃO Ao contrário da Cristiano Machado, a realidade é outra no BRT da Avenida Antônio Carlos/Pedro I, que receberá 26 estaçõesAinda há muito trabalho a ser feitoNa Antônio Carlos, só agora os operários estão demarcando locais para as futuras estaçõesNa Pedro I, ainda há imóveis a serem demolidos para ampliação da via, principalmente nas proximidades da Avenida Padre Pedro Pinto, próximo à Estação VilarinhoMesmo assim, a Sudecap garante que tudo será concluído até o final de dezembro, para entrar em funcionamento em janeiro.
Na área central, estão sendo instaladas seis estaçõesAs da Avenida Santos Dumont estão praticamente prontas e os vidros laterais já são instaladosA parte elétrica está sendo feita e as luzes internas, em LED, já ficam acesas à noitePelo formato da cobertura, as estações já são chamadas de “tartarugonas” pela vizinhançaNa Avenida Paraná, as obras também estão adiantadas, com as estações já recebendo cobertura.
A Sudecap foi procurada pela reportagem ontem e até o fechamento desta edição não se manifestou sobre o andamento das obras do BRT na capital.
Claridade noturna traz mais esperança
Os postes da Avenida Santos Dumont receberam duas luminárias, uma no alto e outro no meio, essa abaixo da copa das árvores, sem deixar sombras “Melhorou muito para a gente depois que eles abriram a avenida e colocaram nova iluminação
Flávio Antônio Miranda, de 45 anos, gerente de açougue, diz ter agora tranquilidade para andar à noite pela avenida“Clareou bastanteAntes, a rua estava fechada com tapumes e ficava muito escuro e perigoso, com muitos arrombamentos de lojasAgora, os tapumes estão apenas em volta das estações que estão sendo terminadas.”
Dona de salão de beleza recém-inaugurado na Santos Dumont, Emília Pereira Santos, de 40, está animada“Estou ficando até as 20hO movimento vai aumentar quando as pessoas estiverem pegando ônibus aqui em frente”, disseA gerente de bar Margarete Nicolete, de 35, conta que o perfil das pessoas que frequentam seu estabelecimento melhorou“Agora, os assaltos estão ocorrendo durante o diaUma loja de celulares foi assaltada três vezes num mês”, comentou.
Para o gerente de loja de bijouterias Alberto Carvalho de Almeida, de 62, as obras na Santos Dumont já deveriam estar prontas há muito tempo“Era um tal de fazer e desmancharAcho que fizeram o trabalho de novo umas 100 vezesColocavam um piso e voltavam logo em seguida e arrancavam tudoTornavam colocar outro piso e desmanchavam de novo”, comentou.
A gari Claudinéia Saturnino Gomes, de 32, conta que ficou mais fácil varrer a avenida à noite com a nova iluminação“Fico varrendo até 23hAntes, era muito escuro”, disseA cabeleireira Luciana Souza Silva, de 29, caminha tranquilamente pela avenida depois do trabalho, seguindo para casa e batendo papo com a amiga“Agora, sim, não tenho mais medo de ser assaltadaAlém da claridade, as pessoas estão voltando a passar por aqui”, disse(PF)