Nove bolsistas com diploma brasileiro do programa Mais Médicos deveriam ter começado ontem a atender pacientes em Belo Horizonte, como previa o Ministério da Saúde (MS)Porém, um deles desistiu e quatro nem chegaram a se apresentar à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) no dia 2, como previa o cronograma do projeto federalAs cinco baixas contabilizadas na capital se somam a centenas ocorridas em todo o paísSegundo balanço do MS, apenas 47% dos profissionais formados no Brasil e selecionados na primeira etapa do programa iniciaram o trabalho.
O bolsista que atuaria no Centro de Saúde Pontel Gomes, no Bairro Jardim Vitória, Região Nordeste de BH, participou do curso de capacitação da Secretaria de Saúde entre quarta-feira da semana passada e terça-feira desta semanaPorém, ele comunicou ontem sua desistência sem apresentar qualquer justificativa, informou a SMSEntre os quatro profissionais que continuam no programa, apenas dois já começaram a atender pacientesA clínica geral Natália Gouvea Gaspar, de 25 anos, compareceu ao centro de saúde do Bairro Mantiqueira, em Venda Nova, mas por três dias somente acompanhará o trabalho de colegas.
“Hojeeu só assisti a outros médicos e devo fazer isso até sexta-feiraPelo que foi acertado com a gerência do centro, começarei a atender na segunda-feiraÉ para eu pegar um pouquinho de jeito, conhecer aos poucos os pacientesDá para aprender muito olhando os colegas atendendo”, disse Natália, que nasceu em Ubatuba (SP) e se formou em julho em Alfenas, no Sul de Minas
Estrutura
No centro de saúde do Bairro Diamante, no Barreiro, o bolsista compareceu, mas só deve começar a atender hoje, em função de ajustes na agenda dos pacientes, explica a secretariaNo centro MG20, no Bairro Ribeiro de Abreu, Região Norte, Igor Carvalho Vieira, de 24 anos, já recebeu os primeiros pacientes“Fui bem acolhidoOs funcionários parecem ser bons, éticos”, observou ele, que se formou em julho em Juiz de Fora, na Zona da Mata, e já havia feito plantões em urgência e emergênciaO novo local de trabalho tem falhas“O ambiente é agradável, mas não é nenhum hotel cinco estrelas
Um médico iniciou os atendimentos no centro do Bairro Bom Jesus, na Região NoroesteOs quatro bolsistas que prosseguem no programa receberão auxílio-moradia de R$ 1,5 mil, vale-refeição de R$ 371 e ajuda para transporteQuando aderiu, BH pediu 120 profissionais, mas apenas nove inscritos confirmaram interesse em atuar na cidadeInicialmente, o planejamento da SMS previa três bolsistas para o Barreiro, dois para Venda Nova, e outras quatro regiões (Nordeste, Noroeste, Norte e Pampulha) receberiam um.
No país
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que apenas 47% dos profissionais formados no Brasil e selecionados na primeira etapa do Mais Médicos começaram a trabalharDos 1.096 bolsistas esperados, 511 compareceram até ontem, segundo as prefeiturasO desligamento foi pedido por 127 inscritos e 458 não se apresentaram, foram excluídos por irregularidades ou não tiveram a situação informada peos municípios.
Somente 46% das localidades que deveriam ter recebido bolsistas já contam com profissionaisDe um total de 453 prefeituras e 34 distritos indígenas, 216 cidades e quatro distritos relataram o início da atuação dos médicosOs inscritos com diplomas brasileiros têm até hoje para se apresentarem.
União recorre contra liminar
O ministro Luís Inácio Adams, da Advocacia Geral da União, disse ontem que a dispensa dos conselhos de Medicina de fazer o registro de estrangeiros que integram o Mais Médicos prejudica o programaEle apresentou no Recife recurso contra a decisão liminar da Justiça Federal no Ceará que liberou o Conselho Regional de Medicina do estado de fazer o registroAdams disse esperar que a decisão seja revertida"Essa decisão no Ceará representa uma grave lesão à atividade que está sendo implementada", disse, após protocolar o recurso no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no RecifeSegundo a AGU, há em todo o país 61 ações envolvendo o Mais Médicos.