A Polícia Civil tem indícios de que a executiva de vendas Eliane Cristina Gonçalves Figueiredo Azzi, de 37 anos, intermediou a adoção ilegal de outras, crianças além da localizada no Hospital Regional de Betim. Ela foi presa em flagrante na terça-feira por suspeita de envolvimento em esquema de tráfico de menores, quando aguardava a alta de um recém-nascido no hospital. A mãe do bebê, Janaína Resende Carvalho, de 24, deu entrada com documentos falsos, não quis amamentar o menino, que nasceu no domingo, e despertou a desconfiança de assistentes sociais. No smartphone de Eliane, a polícia encontrou mensagens em que ela orienta Janaína a informar dados falsos e inventar uma história sobre a criança, que seria entregue a um casal de Porto Velho (RO).
Eliane se apresentou no hospital como amiga de Janaína e pressionou a instituição para liberar o bebê, cobrando respostas de médicos e enfermeiros. Disse que Janaína trabalhava em sua casa como babá e que o outro filho da jovem, de 2 anos, estaria sentindo muito a ausência da mãe. A moça deu entrada no hospital como Selena Castiel Gualberto Lima e acabou se contradizendo. A direção da unidade chamou a polícia. Para ganhar tempo, a pediatria não deu alta ao menino, alegando que faria exames.
No saguão do hospital, em troca de mensagens com pelo menos seis pessoas, Eliane parecia apreensiva, mas tentava tranquilizar os “futuros pais” da criança, advogados cadastrados na OAB de Rondônia. O delegado Tito Barichello, da 3ª Delegacia de Betim, pediu a quebra de sigilo do telefone. Alguns torpedos chamaram a atenção. “Hospital é assim mesmo. Eles enrolam”. É normal que peçam exames complementares. De outras crianças também pediram. Que não tinham o pré-natal completo,” escreveu Eliane para o casal.
Eliane, executiva de vendas de uma empresa de turismo, diz que o bebê teria icterícia e que por isso passava por exames. A outra pessoa, disse se precisava responder perguntas dos assistentes sociais. E recebeu apoio, numa outra mensagem: “Assistente social e psicólogo não é polícia (sic)”.
Na segunda-feira, Eliane recebeu a seguinte mensagem: “Manda essa demente decorar o nome dos pais dela”. Para Janaína, em uma das 201 mensagens, Eliane escreveu: “Cria um texto pronto. Pelo amor de Deus, pense para não cair em contradição. Não inventa muito. Quanto mais história inventar, vai ser pior.”
Segundo o diretor do hospital, Guilherme Carvalho, Janaína se negou a apresentar documentos originais. Para dar entrada, entregou um cartão de pré-natal em nome de Selena com duas consultas e cópias autenticadas da carteira de identidade, CPF e título de eleitor com o nome da advogada de Rondônia. “Ela entrou em contradição. Ora ela não sabia o nome completo da mãe, ora dizia que o pai já havia falecido. Numa conversa com a assistente social, ela contou um episódio com a sogra e errou o próprio nome. ‘Minha sogra me chamou e disse: Janaína...’ Pronto. Foi o suficiente para a gente desconfiar que havia algo de errado e chamar a polícia”, explicou o diretor do hospital.
Segundo Carvalho, em busca na internet, a equipe constatou que Selena era uma advogada de Porto Velho. “Para resguardar os direitos da criança, a mãe teve alta, mas a pediatria não liberou o bebê. Assim, ganhamos tempo.” A demora que deixou Eliane incomodada. Ao ser abordada por policiais no saguão do hospital, ela se recusou entrar na viatura e disse que queria seguir até a delegacia no carro importado.
Eliane disse que era amiga de Selena - referindo-se a Janaína - e que há três meses a jovem foi morar na casa dela. Depois, já com advogado, pediu para mudar o depoimento e disse que mentiu porque queria ajudar as pessoas. Eliane, que mora no Bairro Copacabana, na Região da Pampulha, e Janaína não falaram sobre dinheiro. Segundo o delegado, elas se conheceram pela internet e Eliane agenciou o tráfico do bebê. “Não é a primeira vez, ela é profissional e até conhece a legislação. Há outras pessoas envolvidas nesse esquema”, disse Barichello, que indiciou Eliane por tráfico de crianças e falsificação de documentos. Ele não prendeu Janaína em flagrante, mas deve indiciá-la.
Selena e Breno não foram localizados pela polícia em Porto Velho. Há informações de que teriam vindo a BH buscar o menino, que foi encaminhado ao Juizado da Infância e da Adolescência para adoção.
Três perguntas para a mãe do bebê que seria entregue para casal
1 - Como você se envolveu nesse esquema?
Digitei na internet como deveria fazer para doar um filho e achei um blog. Recebi mais de cem mensagens e caí na melhor história, de uma família de advogados bem estruturada que não podia ter filhos. Eu não queria fazer aborto e causar algum mal para esse menino. Achei melhor dar a vida dele a alguém que pudesse cuidar com amor. Em nenhum momento aquele ali era meu filho. Na minha cabeça, era o filho da Selena.
2 - Por que você quis doar seu filho?
Você o vendeu?
Essa criança não podia fazer parte da minha vida. Meus pais e o pai do meu filho não sabem dessa gravidez, fruto de uma noitada com outro homem que eu só vi duas vezes. Já tenho um filho muito amado e não queria perder minha família. Precisava sair de casa e me afastar até ter esse bebê. Disse que vinha trabalhar com turismo na capital. Quis ajudar alguém também, mas não teve dinheiro envolvido.
3 - Como seria a entrega da criança e
por que você usou documentos falsos?
Selena disse que tinha uma prima que poderia me acolher. Ela me passou por e-mail o telefone da Eliane, que cedeu a casa da mãe para eu passar esses três meses. Ela me deu os documentos falsos, para a criança já receber o nome da Selena, mas não sei como seria o registro. Esse foi meu erro. Eu daria o bebê a Eliane e ela o levaria para Rondônia. Na hora do desespero, procurei resolver da forma mais fácil e agora não sei com quem me envolvi nem a repercussão disso.
Eliane se apresentou no hospital como amiga de Janaína e pressionou a instituição para liberar o bebê, cobrando respostas de médicos e enfermeiros. Disse que Janaína trabalhava em sua casa como babá e que o outro filho da jovem, de 2 anos, estaria sentindo muito a ausência da mãe. A moça deu entrada no hospital como Selena Castiel Gualberto Lima e acabou se contradizendo. A direção da unidade chamou a polícia. Para ganhar tempo, a pediatria não deu alta ao menino, alegando que faria exames.
No saguão do hospital, em troca de mensagens com pelo menos seis pessoas, Eliane parecia apreensiva, mas tentava tranquilizar os “futuros pais” da criança, advogados cadastrados na OAB de Rondônia. O delegado Tito Barichello, da 3ª Delegacia de Betim, pediu a quebra de sigilo do telefone. Alguns torpedos chamaram a atenção. “Hospital é assim mesmo. Eles enrolam”. É normal que peçam exames complementares. De outras crianças também pediram. Que não tinham o pré-natal completo,” escreveu Eliane para o casal.
Eliane, executiva de vendas de uma empresa de turismo, diz que o bebê teria icterícia e que por isso passava por exames. A outra pessoa, disse se precisava responder perguntas dos assistentes sociais. E recebeu apoio, numa outra mensagem: “Assistente social e psicólogo não é polícia (sic)”.
Na segunda-feira, Eliane recebeu a seguinte mensagem: “Manda essa demente decorar o nome dos pais dela”. Para Janaína, em uma das 201 mensagens, Eliane escreveu: “Cria um texto pronto. Pelo amor de Deus, pense para não cair em contradição. Não inventa muito. Quanto mais história inventar, vai ser pior.”
Segundo o diretor do hospital, Guilherme Carvalho, Janaína se negou a apresentar documentos originais. Para dar entrada, entregou um cartão de pré-natal em nome de Selena com duas consultas e cópias autenticadas da carteira de identidade, CPF e título de eleitor com o nome da advogada de Rondônia. “Ela entrou em contradição. Ora ela não sabia o nome completo da mãe, ora dizia que o pai já havia falecido. Numa conversa com a assistente social, ela contou um episódio com a sogra e errou o próprio nome. ‘Minha sogra me chamou e disse: Janaína...’ Pronto. Foi o suficiente para a gente desconfiar que havia algo de errado e chamar a polícia”, explicou o diretor do hospital.
Segundo Carvalho, em busca na internet, a equipe constatou que Selena era uma advogada de Porto Velho. “Para resguardar os direitos da criança, a mãe teve alta, mas a pediatria não liberou o bebê. Assim, ganhamos tempo.” A demora que deixou Eliane incomodada. Ao ser abordada por policiais no saguão do hospital, ela se recusou entrar na viatura e disse que queria seguir até a delegacia no carro importado.
Eliane disse que era amiga de Selena - referindo-se a Janaína - e que há três meses a jovem foi morar na casa dela. Depois, já com advogado, pediu para mudar o depoimento e disse que mentiu porque queria ajudar as pessoas. Eliane, que mora no Bairro Copacabana, na Região da Pampulha, e Janaína não falaram sobre dinheiro. Segundo o delegado, elas se conheceram pela internet e Eliane agenciou o tráfico do bebê. “Não é a primeira vez, ela é profissional e até conhece a legislação. Há outras pessoas envolvidas nesse esquema”, disse Barichello, que indiciou Eliane por tráfico de crianças e falsificação de documentos. Ele não prendeu Janaína em flagrante, mas deve indiciá-la.
Selena e Breno não foram localizados pela polícia em Porto Velho. Há informações de que teriam vindo a BH buscar o menino, que foi encaminhado ao Juizado da Infância e da Adolescência para adoção.
Três perguntas para a mãe do bebê que seria entregue para casal
1 - Como você se envolveu nesse esquema?
Digitei na internet como deveria fazer para doar um filho e achei um blog. Recebi mais de cem mensagens e caí na melhor história, de uma família de advogados bem estruturada que não podia ter filhos. Eu não queria fazer aborto e causar algum mal para esse menino. Achei melhor dar a vida dele a alguém que pudesse cuidar com amor. Em nenhum momento aquele ali era meu filho. Na minha cabeça, era o filho da Selena.
2 - Por que você quis doar seu filho?
Você o vendeu?
Essa criança não podia fazer parte da minha vida. Meus pais e o pai do meu filho não sabem dessa gravidez, fruto de uma noitada com outro homem que eu só vi duas vezes. Já tenho um filho muito amado e não queria perder minha família. Precisava sair de casa e me afastar até ter esse bebê. Disse que vinha trabalhar com turismo na capital. Quis ajudar alguém também, mas não teve dinheiro envolvido.
3 - Como seria a entrega da criança e
por que você usou documentos falsos?
Selena disse que tinha uma prima que poderia me acolher. Ela me passou por e-mail o telefone da Eliane, que cedeu a casa da mãe para eu passar esses três meses. Ela me deu os documentos falsos, para a criança já receber o nome da Selena, mas não sei como seria o registro. Esse foi meu erro. Eu daria o bebê a Eliane e ela o levaria para Rondônia. Na hora do desespero, procurei resolver da forma mais fácil e agora não sei com quem me envolvi nem a repercussão disso.