As 800 famílias que ocupam 200 hectares da Granja Werneck, fazenda situada na região do Ribeirão Isidoro, no Vetor Norte de Belo Horizonte, divisa com os bairros Novo Tupi, Ribeiro de Abreu, Antônio Ribeiro de Abreu, Lajedo e Tupi B, estão no local há 39 dias. Ignorando uma liminar de reintegração de posse expedida pela juíza Aída Oliveira Ribeiro, no último dia 19, integrantes da ocupação estariam colocando fogo na mata e ainda atirando para o alto, conforme relatam os donos do terreno.
“Essa questão é séria pois 40% da fazenda consiste em área de preservação ambiental, mas a mata vem sendo incendiada e destruída. Além disso, cenas de violência vêm ocorrendo na fazenda, como disparos de tiros”, explica Otávio Werneck, um dos donos do terreno". Ele diz ainda que as medidas cabíveis para cumprimento da ordem estão sendo tomadas. "Na quarta-feira, tivemos uma reunião com o Prefeito Márcio Lacerda para tratarmos do caso. Entretanto, ele não pode fazer nada, já que a Polícia Militar é responsável por cumprir a liminar de reintegração de posse e a PBH não tem autoridade sobre a corporação. Por isso, devemos tentar uma solução com o Governo do Estado,” conclui.
Entenda o caso
Em 2008, o Consórcio Santa Margarida (formado pelas empresas de engenharia civil Rossi Residencial e Direcional), procurou os herdeiros da família Werneck com uma proposta de construir no local um empreendimento residencial que contemplaria moradores da cidade pelo programa Minha Casa Minha Vida, do Governo federal. O projeto previa a construção de cerca de 19 mil apartamentos nas três faixas de renda contempladas pelo programa. As obras deveriam começar em 2013 mas, no dia 4 de agosto, cerca de 300 famílias invadiram o terreno e montaram barracas. O número de pessoas foi crescendo no local e hoje há quase 800 famílias ocupando a Granja. Essas pessoas seriam de Santa Luzia, e alegam que não foram inscritas no programa Minha Casa Minha Vida para terem direito a comprar um imóvel no local por terem residência fixa em outra cidade.